A CULTURA CONTRACULTURAL NA FORMA DE MÚSICA

No objetivo de agarrar o maior número de pessoas, as bandas atuais utilizam-se de métodos que descrevem as paixões ou ações de determinado grupo, normalmente classificado como maioria, para marcar sua estabilidade no trabalho com essa procura por identificação. O que acontece é que, enquanto se põe esse método numa sociedade desregrada, não é difícil imaginar que a descrição nas músicas passem a ser o que tal sociedade cultiva por conseqüência. No caso da nossa, a sociedade tem um fator básico da diversão por consumo de drogas lícitas e também muito provavelmente pelas ilícitas.

Sendo assim, a identificação das pessoas – que faz causar naturalmente alegria e diversão por isso – nessa sociedade é musicada sob os temas do álcool, cigarro e demais drogas, bem como os efeitos que as mesmas produzem.

Porém não é normal perceber que as conseqüências e os riscos sejam cantados em mesma freqüência. Pelo contrário, o que se vê são cada vez mais as bandas aprofundando-se nos temas que até antes era digno de não se “curtir”, mas que passam a se banalizar na forma de cultura mais difundida do planeta.

Podemos aplicar este método de análise ainda em qualquer sociedade atual. Utilizei particularmente a cultura “contracultural”, como assimilei chamar essa corrente cultural, do nordeste, do qual sem o exame da mesma, jamais teria essa reflexão. Porém, que se percebam através dessa teoria das paixões da cultura que podemos transpor esse método e obter as mesmas causas, porém com diferenças nas conseqüências, dependendo de que estilo musical se está sendo difundido em determinada sociedade. Se limitarmos esse estudo ao Brasil, cuja nação é dotada de um acervo cultural diferenciado imenso, podemos perceber e regionar, e ainda interligar as questões sociais em culturais. No nordeste, por exemplo, o forró tem predominância. Mas o que se diz “forró atual”, dividido ainda entre tantas outras vertentes, em suas misturas com o axé baiano, o funk e o brega, é, por incrível que pareça, resultado e reflexo mais da própria sociedade do que da tradição, não eliminando a importância da tradição como gênese que deu base para que as novas bandas sobrepusessem o estilo com novas músicas. Em outras palavras, o estilo forró não responde ao caso que se forma nessa cultura atual, e sim a própria sociedade daquela região que é reflexo e depois alvo dessas músicas de conseqüências incômodas. O estilo forró é apenas um aglutinador de pessoas que pode ser moldado por quaisquer tipos de letras.

Em outros determinados estilos a conseqüência nem chega a afetar tanto uma sociedade, bem como há estilos que não causam tantos efeitos à sociedade e que são inofensivos. Poderia eu dizer ainda que há estilos que não causam tantos efeitos à sociedade e que são ofensivos, mas reflito que, como uma sociedade que cultiva o que a cultura contracultural produz, isso não passaria de uma questão de tempo até que esse “estilo que não causa tanto efeito à sociedade e que são ofensivos” passassem a ser um gosto popular também.

Enfim, para experimentar essa minha postulação que se pode usar esse método em qualquer sociedade, usemos o mesmo no funk carioca atual e vejamos o quanto de riscos futuros pra sociedade podemos encontrar. Afinal, comparando-se uma cultura à outra, o funk não parece tão diferente do forró atual em termos de fácil assimilação popular e (in)conseqüências. O estilo pode ser diferente, mas a causa – atingir o maior número de pessoas que se sintam identificadas com o estilo – e a conseqüência – a não só banalização dessa cultura, mas as mentes novas que podem influenciar, e assim dando espaço a uma criação duma geração bem mais banalizadora que a atual -, são praticamente as mesmas. Eu acredito que para dar uma solução ao antieticismo da nossa atual cultura, que a educação de qualidade assuma papel fundamental na vida das pessoas, uma vez que é de onde a educação se ausenta que essa cultura surge. Afinal, culturas não se extinguem, não se deixam de existir; apenas se transformam naquilo que a sociedade é, pois uma molda a outra alternadamente. Se a sociedade é deficitária em educação, é natural que surjam culturas desregradas e sem nenhum limite de valor ético.

Com uma educação necessária, que por sinal jamais existira no nosso país, é que a cultura pode voltar a ganhar um status que não seja classificado como contracultura.

O QUE É CULTURA CONTRACULTURAL?

Aos meus olhos, a cultura contracultural é um termo utilizado para classificar a cultura gerada onde há a ausência total ou parcial da educação. É uma criação popular que não segue os padrões éticos de uma sociedade, e que por haver em sua característica a ausência da educação, não possui limites nem percepção de suas conseqüências. Sua existência dá, principalmente, pela subsistência financeira que gera, vide os condicionados sucessos do momento em que podemos duvidar que tais músicas sejam absurdos de estarem naquela posição de destaque. Mas é uma cultura como qualquer outra, com suas características distintas e seu direito de existir, assim como uma sociedade existe de diversas formas. Porém, ao levarmos o estudo de tais culturas funcionalisticamente, percebemos que os fatores de expressão de tal cultura é proporcional à ausência de educação daquela sociedade. Seria esta a gênese da cultura contracultural – que nada tem a ver com o movimento artístico do dadaísmo das décadas de 40-50.

Sociologicamente, a ausência de educação numa sociedade provoca profundas raízes que tornam seus indivíduos direta ou indiretamente afetados. Os que mantêm-se, de alguma forma, entre os que detém uma educação necessária para seu desenvolvimento social, de nada lhes garante – pois os mesmos sofrem as conseqüências da ausência da educação que lhes fora ausente (vide universidade pública), tanto pela família como pelo sistema de ensino básico, muitas vezes defasado nas escolas públicas(vide Brasil). Quando não se mantêm, os indivíduos, inseridos no fator falho que lhes fora a educação daquela sociedade, se resumem a determinadas funções, a que seu conhecimento necessário o limitara. Ou seja, ao passo que sua consciência – preparada e desmotivada por sua educação falha – não valoriza a educação, o mesmo se encontrará inserido cada vez menos nas profissões de nível técnico avançado e cada vez mais nas profissões de necessidade braçal ou que se permita fazer com pouco ou nenhum nível técnico. Isso quando, por revolta ou necessidade última, o indivíduo não passe a ser mais um agente criminoso.

Portanto, tal como uma sociedade, a cultura segue os mesmos caminhos. Onde há a ausência da educação, tal cultura será significativamente afetada, com suas próprias características, e suas próprias conseqüências, e ISSO é o que importa sociologicamente.

Já mencionei anteriormente e de forma exemplificada como essa forma pode afetar as pessoas quando usei o exemplo da cultura como a música, forma cultural mais difundida no Brasil. Funcionalisticamente, procurei encontrar ligações entre uma sociedade e a cultura de quem ela se alimenta. Percebi a educação como fator determinante de uma cultura tanto como de uma sociedade, ao passo que uma sociedade está ligada intrinsecamente à uma cultura, e vice-versa. Tentei encontrar respostas sobre como determinados estilos se mantém destacados como “sucessos nacionais” e “regionais”. Talvez seja ainda necessário abordar um outro tema para que nós tenhamos uma visão mais universal sobre o controle da cultura para determinadas sociedades, as tentativas de domá-la para determinados fins; esse tema pode ser encontrado facilmente nos estudos sobre o poder de manipulação da mídia para fins capitalistas e de domação da sociedade pelo estado. A comercialização da cultura, a criação pessoal do ser para a venda são exemplos da finalidade capitalista – e é o que ocorre atualmente com a música e que tenho discorrido então sobre os dois textos que abordam a cultura contracultural. Preferi usar o funcionalismo para denunciar suas conseqüências, tão inconseqüente nas mentes das pessoas que não entendem que tipo de música – de cultura – as gerações atuais e futuras estarão sendo moldadas.

Claudionor Gomes.

Culturas Contraculturais

Minha participação como cientista social me faz procurar entender e explicar o presente, sem a apologia de que existem coisas na sociedade que não fazem sentido. Se não nos é inteligível, ora para outros é, pois foi por esses que o objeto que estejamos falando ainda exista.

Minha visão é essencialmente à procura de uma normatização do agrupamento social, seja ele em que dimensão participar. Mas para se preocupar em normatizar algo, é fundamental - talvez mais até do que qualquer finalidade normativa - conhecer o que se pode ser descrito, seja para ser reaproveitado, criticado, enfim, como base de iniciação sobre qualquer dissertação a respeito do tema.

Não espero ser visto como um contraculturalista; pelo contrário, me preparo a tratar a cultura como uma forma polêmica, se em certos momentos passa a ser cultura ou mera produção comercial sem um fundamento cultural. Mas se cultura pode ser um hábito em geral acolhido pela sociedade, talvez não haja regras sobre o que é ser cultura e o que não é.

Enfim, gostaria de salientar que em certos momentos a cultura parece tão ameaçadora - ameaçadora sim, pois não se pode valorizar a cultura na mente do senso comum que chega a pensar: "Veja o que é cultura, nasce bela e se dimensiona para essa insignificância. Nossa, quanta evolução, hein?" Mas a cultura não evolui, mas para eles sim, e que se escurrace o estudo das culturas enquanto não reconheçam como produtos e só, e não uma produção cultural o que se vê atualmente.

Não pretendo proteger o senso comum, porém a própria cultura atual assume uma característica com aspectos dadaístas - logo pode ser um ponto para que a cultura atual seja considerada uma cultura.

Bom, se a cultura atual é cultura reconhecida, isso não é revoltoso. Mas seu caráter de contracultura - mais devastador que o dadaísmo da guerra pelo fato de ser essencialmente capitalista e agora sem sentido, não por um movimento de crítica artística e sim por não haver nenhuma ênfase poética e de cunho social como antes -, é algo digno de esclarecimentos. Se existissem medições culturais, o que é mais cultural e o que não é, ou qual produção humana é cultura e qual não é, essa contemporânea seria chutada forçosamente para fora de um padrão cultural.

A questão se mantém para os cientistas a favor ou contra a agressão da cultura atual, por ser mais comercial que ideológica, com algum sentido além do dinheiro.

Estamos certos de que os modos culturais se renovam e se invam em todos os momentos. A história comprova isso. Mas minha preocupação atual com a cultura é justamente o fato do caminho que ela está tomando e a influência social que ela exerce.

Mas afinal, é a cultura que guia a sociedade ou a sociedade que guia a cultura?

Sabemos que uma está intrinsecamente ligada à outra que fica difícil responder a essa questão, mas devemos nos abster realmente que acontece os dois. Ou a cultura já existe e torna a sociedade sua existenciadora, ou a sociedade monta uma cultura para se manter como uma sociedade.

Finalmente, a cultura atual se vê entregue ao dinheiro de uma forma tão excessiva que para ela não existe consequências. Na verdade, a omissão da consequência é o que faz tal cultura existir. Músicas diárias com temas ligados à traição, ao sexo sem limites e sem respeito, à ingestão de drogas partem das camadas menos abrangentes da educação no Brasil e se espalham por todo o país, por todas as classes sociais. A explicação desses tipos de músicas serem gerados nas camadas pobres ou periféricas da sociedade reforça minha teoria de que a cultura agora está se formando pela FALTA DE EDUCAÇÃO necessária que se encontra ausente. Pois do contrário, músicas assim sequer seriam vistas com bons olhos (partindo para uma crítica pessoal e sendo assumidamente contra esse tipo de cultura, não consigo entender quais bons olhos podem existir para essas aparições, ou se eu escrevi foi um erro por tentart encontrar palavra equivalente ao que queria demonstrar).

Portanto, para finalizar, cheguei à conclusão que o chamado "sucesso do momento" já foi há anos reflexo da sociedade, a exemplo dos cultos cantos boêmios dos anos cinquenta, dos anos rebeldes da jovem guarda dos anos 60-70, do grito de liberdade dos anos 80 e, dos anos 90 para cá, da venda das letras para o mercado e a transformação da música temática para a música defasada.

RESUMO CRITICO DO LIVRO A PRÁTICA DA PESQUISA

No livro “A prática da pesquisa” do autor Cláudio de Moura Castro, encontram-se algumas características e concepções sobre a epistemologia da ciência como prática de pesquisa. Obedecendo a uma estrutura lógica e cientifica de pensamento. Distingue o conteúdo cientifico de outras atividades. Além disso, mostra exemplos de como a pesquisa num determinado momento pode apresentar julgamentos de valor, deslizes e tautologias. Em suma apresenta um conjunto de metodologias que os cientistas principalmente os sociais devem observar para compreender a realidade social, já que se trata de estudos dos fenômenos sociais, em que o próprio cientista está inserido. Dando aos alunos de Ciências Humanas uma aprendizagem de técnicas e método de pesquisa cientifica para a elaboração de monografias.

Prosseguindo a discussão sobre a prática da pesquisa, nota-se que o cientista inventa teorias, mas não inventa resultados, quando parte para o estudo de certo objeto, carrega consigo teorias já apreendidas na formação acadêmica- liberdade de criar- porém os resultados não podem ser cogitados sem embasamento cientifico. Pelo fato do cientista está imerso no meio social, as emoções e persuasões são motivações para o ponto de partida, mas não pode interferir nos resultados da pesquisa, é indispensável manter a originalidade cientifica. As teorias são modificadas constantemente- a realidade é dinâmica- no entanto, os dados encontrados pela pesquisa não as substituem. Opinião e crença não é um discurso cientifico, pois no mundo real não é comprovadas cientificamente, além de violar as regas metodológicas.

Aristóteles indubitavelmente foi o pioneiro da ciência, utilizou a biologia para classificar os dados científicos, classificar é apenas um dos processos científicos, é necessário generalização, leis e fórmulas, para a comprovação dos fatos. Com isso, o cientista terá economia de informações. Padronizar os procedimentos de observação e comunicação são imprescindíveis para a linguagem cientifica. Para a ciência só é válida uma pesquisa se certos números de investigadores fizerem as contradições que verifique se tal linguagem é metodologicamente lógica. À ciência deve manter distanciamento do conhecimento leigo ou cotidiano, são contaminados por valores e preconceitos. Os investigadores restringem o sentido da palavra, cuja mesma palavra pode ter outro significado, havendo deslize na pesquisa.

À ciência é uma ferramenta para compreender o mundo que nos cerca, traduzir a idéia central numa linguagem mais simples. A observação cientifica capta o erro na pesquisa e está preocupada em controlar a qualidade do dado e como foi obtido. Para a lógica da ciência, o cientista deve fazer as diferenças entre os tipos de conhecimentos: Teológico, Filosófico e o Cientifico, que por sua vez, traz confiabilidade para a pesquisa. A metodologia cientifica é uma arte onde cientista é o artesão, que trabalha delicadamente para a construção do conhecimento lógico.

À ciência moderna surgiu com dois pensadores que deram sua contribuição para a pureza metodológica: Bacon-método indutivo, evidência empírica, observação da natureza; René Descartes - método dedutivo (raciocínios abstratos), enquanto, o primeiro vai observar e propor caminhos para a ciência, o segundo brinca com as teorias e depois vai atrás dos dados. A ciência economiza descrições, substituindo-as por regras, princípios e leis. A realidade é observável, que o cientista controla os métodos de pesquisa para a validação dos resultados, controlar tais, pertence ao caráter cientifico. Definir momento e local são importantes para o investigador. Não há fato sem teoria nem teoria sem fato, pois a teoria dá sentido e descreve os fatos de uma forma sistemática. Os resultados de uma pesquisa não podem ser influenciados e controlados pelos pesquisadores, conhecer o limite da ciência é importante, além do mais, não se pode inventar dados, esconder informações, falsificar estatísticas, copiar trabalhos dos outros sem dar créditos, a dicotomia do processo sujo e limpo são fundamentais para não contaminar o produto final.

Os neopositivistas defendem a pureza da ciência em dualidades: factuais-conceitos substantivos da ciência; lógicos-definições claras e sem ambigüidade. O objetivo da ciência é descrever a realidade de forma objetiva e eficiente. Alguns pensadores utilizaram como forma de conhecimento o método dialético: Tese, Antítese e Síntese. Para tais, a filosofia apenas livraria a ciência da metafísica. O investigador deve ter respeito à neutralidade, evitando com isso proposições imprecisas ou frouxas, transmitidas pelos julgamentos de valor ou ideologias.

Os critérios de verificação afirmam o que não sabemos, os da falsificação (Karl Popper) afirma o imaginado e a análise da linguagem (Jonh Wilson):

1- “conhecer o que quer dizer o enunciado, 2- conhecer a maneira correta de verificá-la, 3- dispor de evidência suficientemente boa para que possa ser acreditado.”(p.47).

Um ponto fundamental que leva o cientista a trabalhar certo tema são seus próprios valores, que segundo Max Weber deve ser remediado da compreensão do social, ou seja, separação do homem da ciência do homem de valores. Contudo, numa pesquisa cientifica o pesquisador deve tomar cuidado com os disfarces das tautologias, as hipóteses escorregadias e as grandes teorias, já que a descoberta é fruto do sonho, da imaginação e da criatividade. Os critérios para a escolha do tema são particularmente determinados pela convivência do investigador na comunidade social.

A classificação da pesquisa depende da aplicabilidade, originalidade da contribuição, da complexidade da estrutura teórica e do entrelaçamento de variáveis. Diferenciar pesquisas: aplicada e fundamental faz parte do trabalho que antecede os projetos e planos da pesquisa final, enquanto, uma dar um estudo sistemático para resolver problemas concretos, a outra é apenas curiosidade intelectual. A pesquisa cientifica elimina os falsos caminhos (intervenções).

Diante de todos os métodos de pesquisa apresentados neste trabalho, as pesquisas qualitativas e quantitativas são sem sombra de dúvida as que mais se complementam. Cada uma chega onde a outra não consegue chegar. O autor conduz seu texto com uma forma morfológica desenvolvida de forma a mostrar ao leitor as diferenças entre as duas, feito de tal forma em que possam ser compreendidas com clareza. Até aqui tudo que se construiu nos textos comentados desaparece, já que quando se fala em pesquisa qualitativa falamos de uma “soberana”.

Soberana porque tem vida própria e atua em territórios inexpugnáveis para métodos quantitativos. As grandes teorias da educação são puramente qualitativas, desde Montessori a Vygotsky.

Já a ciência quantitativa oferece certezas e alcances que a qualitativa não tem. O pesquisador quantitativo tem algumas características inconfundíveis como:

Ter uma preocupação obsessiva em controlar variáveis para melhor entender o impacto isolado de cada uma delas;

Não se contentam com pouco, sempre em busca de leis gerais;

O quantitativista exorciza a complexidade.

É visível que diante de tudo que foi apresentado, reforçamos o que foi visto no texto, a importância das pesquisas quantitativas e qualitativas.

Visando um maior entendimento das questões, o autor separou cada pesquisa comentando e apresentando todos os métodos e técnicas de cada uma.

Documentos, observação passiva, entrevistas, grupos de discussão, observação participativa, são alguns dos métodos qualitativos, mas o método mais complexo é o trabalho com números, este precisa de um estudo avançado e bem cuidadoso, pois uma pequena falha pode botar todo um trabalho a risco.

Nas ciências sociais a pesquisa quantitativa é a mais usada, seus métodos complexos e interrogativos se correlacionam com as idéias dos estudiosos da área.

Uma pesquisa tem que ter um tempo de vida em que não sacrifique o conteúdo, o autor é bem claro com as informações, mostra o que é preciso para se ter um conteúdo bem trabalhado e um resultado satisfatório, onde seja claro para todos os que têm acesso às informações.

Pesquisas de qualquer tipo têm que ser bem claras, mostrar o resultado com firmeza sem ou com baixa margem de erro, para que possa ter uma credibilidade dos que a usaram como meio de informação. É importante ressaltar que é um trabalho neutro, pois o resultado de uma pesquisa pode ter impactos fortes, tanto positivamente como negativamente. Em geral, os objetivos de uma pesquisa devem determinar sua natureza e não o contrário.

É de conhecimento geral, que crenças e religião influenciam os leitores. E uma boa pesquisa deve ser desenvolvida no intuito de mostrar a verdade independentemente da opinião das pessoas. Sua responsabilidade é informar com clareza, mas, se suas informações vão ser discutidas, trabalhadas e aceitas cria com isso um campo de discussão para metodologia da pesquisa.

Tudo que foi lido e discutido até este ponto nos faz concluir que uma pesquisa de qualidade não pode fugir do roteiro, deve ir desde o que quer descobrir, até seu relatório final. Tudo feito com clareza e imparcialidade, estabelecendo um resultado justo e claro e de impacto significativo diante do que se esperava da mesma.

Estratégias Políticas

O que um (a) candidato (a) a Prefeito (a) deve fazer para ganhar a eleição. Estratégias: 1- escolher uma estratégia de marketing adequada; 2- definir os segmentos-alvo de eleitores; 3- saber ler o meio ambiente e identificar riscos e oportunidades; 4- desenvolver um conceito e uma identidade; 5- evitar situações, atos e discursos inadequados; 6- analisar os concorrentes e seu perfiel político; 7- ganhar projeção em entidades representativas; 8- definir com muito cuidado a estratégia de comunicação; 9- preparar um bom plano e um eficiente cronograma; 10- arregimentar gurpos para trabalhos voluntários; 11- formar uma ampla base de alianças; 12- escolher equipes profissionais de assessores; 13- ter disposição e método de trabalho; 14- conhecer as pesquias de opinião, mas não se impressionar; 15- realizar periódicas avaliações de sesempenho; 16- ter flexibilidade e exibir jogo de cintura; 17- desenvolver boa presença em comícios; 18- preparar-se para o debate; 19- comportar-se como um vencedor; 20- identificar a força econômica do município; 21- selecionar os melhores cabos eleitorais; 22- ouvir com atenção os pedidos; 23- procurar atender aos compromissos; 24- cultivar as amizades e laços pessoais; 25- aparentar força e poder, mas não perder a modéstia; 26- ganhar a confiança dos grupos de pressão; 27- preparar um bom programa de identidade visual; 28- organizar encenações de alto impacto; 29- escolher uma palavra ou uma frase de comando; 30- marcar presença constantemente; 31- fazer uma boa comemoração ou preparar-se para a próxima campanha.

POESIA: ASSISTENCIALISMO

POESIA: ASSISTENCIALISMO TROCAR O VOTO POR: DENTADURA; REMEDIO; FEIRA; MATERIAL ESPORTIVO... É COMUM NA ELEIÇÃO... O BRASILEIRO GOSTA DE SER ASSISTIDO! ALUGA-SE ATÉ A FAMILIA. O ELEITOR DEIXA SUAS CONTAS PENDENTES: ÁGUA, LUZ, TELEFONE... PENSA SER ASSISTIDO NA ELEIÇÃO. - A ELEIÇÃO ESTÁ AÍ PRA ISSO? -TENHO UM PADRINHO QUE É AMIGO DE FULANO. TEREI MINHA VAGA! ESSE FOI O ACORDO!

O porquê da limitação

Este artigo foi escrito pela reitora Ana Dayse Resende Dórea, publicado no Jornal Gazeta de Alagoas em 20/07/2008.

Honrando sua tradição e prestando mais um serviço à sociedade alagoana, a Gazeta de Alagoas, numa edição dominical recente, lançou luzes sobre as precariedades vivenciadas pelos vizinhos (habitantes das áreas em nosso entorno) do campus da Universidade Federal de Alagoas na capital.

Pesquisadores, professores e estudantes, como bem ressaltou a reportagem, há muito realizam atividades de ensino, pesquisa e extensão as quais direta, indireta ou transversalmente, tratam de temáticas voltadas a reverter os lastimáveis indicadores sociais destas populações, carentes de tudo.

Este esforço traz resultados refletidos em ações imediatas ou em concretos diagnósticos essenciais para fundamentar políticas públicas em áreas vitais como saúde, educação, habitação e infra-estrutura. Neste sentido estamos cumprindo nosso papel. Como centro de formação e irradiador de saberes, estamos executando nossa missão institucional.

Mas por quais motivos, então, não conseguiríamos ajudar nossos vizinhos? Quem responde é a própria matéria. Nestas comunidades, entre as quais a chamada Cidade de Lona que se converteu em vexatório exemplo, as ações da Ufal esbarram na quase ausência do Poder Executivo estadual e municipal. Em muitas delas, o quadro de miséria é contundente demais. As mazelas são pulverizadas demais. A exclusão é acentuada demais.

E na maioria delas décadas de inércia e inanição de sucessivos governos vêm comprometendo o desenvolvimento das ações acadêmicas capitaneadas pela Ufal, chegando muitas vezes a inibir a aplicação de orientações derivadas de pesquisas ou a execução de projetos concebidos no ambiente acadêmico. E aí reside o porquê da limitação narrada, com pertinência, por aquela reportagem.

Enquanto universidade, nos fazemos presentes e atuantes, colaborando com destemor e com trabalho sério, inseridos no cotidiano dos que nos cercam e dando nossa parcela de auxílio rumo a condições dignas de vida para essas comunidades. Entretando, se unilateral, nosso empenho perde em força, em alcance e em longevidade.

Os resultados de nossa iniciativa serão quanto mais perceptíveis na medida em que contemos com mais dinamismo por parte do Estado e do município, em especial deste último. Não temos nos furtado de nosso compromisso, principalmente o da extensão junto a essas populações.

Porém, necessitamos de respostas mais ágeis por parte das administrações públicas, parceiras e protagonistas que são deste processo.

As Bicicletas de Belleville

Um conselho para os admiradores – e também não – admiradores – da sétima arte: se quiserem se emocionar assistam à animação “Bicicletas de Belleville”, de Sylvain Chomet; garanto que ninguém vai sentir falta de muitas palavras para deixar umas lágrimas deslizarem pelo rosto.

As Bicicletas de Belleville conta a história de um garotinho muito triste que é adotado por uma senhora idosa chamada “Madame Souza”. O nome do menino é “Champion” – campeão em francês –, e vive seus dias preso a uma melancolia desencantadora. Madame Souza faz de tudo para alegrá – lo, mas ele sempre demonstra desinteresse pelas prendas apresentadas pela boa velhinha, a exemplo de um cachorro, “Bruno”. Após muitas teimosas tentativas, Madame Souza descobre que Champion tem um forte interesse por bicicletas, e dá uma ao menino. A partir de então, a entusiasmada senhora submete o garoto a uma árdua Maratona de treinamentos, até que ele – já crescido – se torna um grande ciclista e chega a participar de uma importante competição, a Tour de France. É justamente nesse evento que Champion e outros dois ciclistas são seqüestrados por uns excêntricos sujeitos trajados de preto. Madame Souza, dando conta do fato, empreende uma busca arriscada – alucinante pelo jovem, e para isso, conta com a ajuda do obeso cachorro Bruno e das “Trigêmeas de Belleville”, que faziam sucesso nos cabarets na década de 30, entoando belíssimas e animadas canções.

Como fora escrito no parágrafo anterior, não haverá necessidade de muitas palavras para encantar/emocionar ao telespectador, pois sendo o filme pobre de muitas palavras, é bastante rico em ensinamentos e poesia nos gestos dos personagens. O próprio fato de o garoto ser chamado Champion já chama a atenção. O menino é pobre materialmente e demonstra uma sequidão interior causada, provavelmente, pela falta de carinho recebido daqueles que vieram antes de Madame Souza. Mesmo assim, ele é tratado por campeão, e a boa senhora faz de tudo para que ele se supere a cada dia e realize os seus sonhos.

A animação mostra um aspecto muito interessante, que é justamente a tentativa de negação daquilo imposto pela sociedade capitalista unidimensional: enquanto o mercado e suas leis jogam as pessoas já “não – produtivas” para as beiradas sociais, Madame Souza e as Trigêmeas de Belleville apontam que o ser humano é muito mais do que aquilo que o Capitalismo sustenta; ele é capaz de amar, de fazer arte, de ensinar, enfim, de ser querido não pelo tanto que produz, mas pelo o que é. Numa sociedade marcada pelo consumismo, como a de Belleville, em que tudo gira em torno do “ter mais” para parecer “ser mais”, as quatro aventureiras se preocupam em tirar Champion das garras daqueles que querem fazê – lo mera peça de uma engrenagem de fazer dinheiro.

O filme é um elogio aos avós. Tanto é que Sylvain Chomet dedica-o aos seus parentes. Ali os idosos não são vistos como operários imprestáveis, mas como pessoas de sabedoria acumulada, abertos a mostrarem aos mais novos a importância de romper com os valores de uma sociedade tecnicista e excludente.

Eu lembrei da minha avó, e de algumas lições tidas por irracionais pela nossa sociedade esquizofrênica, como repartir um ovo de codorna para 6 pessoas (!). Ao escutar a história (com h) eu penso que o ato foi mais simbólico do que provedor: o que vale é fazer o outro sentir – se parte da roda, valorizado e estimado acima de qualquer coisa. Foi isso o que Madame Souza e as Trigêmeas de Belleville fizeram, é isso o que os avós comumente fazem.

Política e Ciências Sociais

Aristóteles já dizia, na antiguidade, que o homem é um animal político. Um ser que por natureza tende para a vida em sociedade. Ora, essas duas afirmações estão bastante interligadas, veja-se por que: sozinho, seguindo a linha de pensamento aristotélica, o homem não se realiza como tal; é preciso que ele constitua sociedades, pois aí sim irá desenvolver todas as suas potencialidades. Mas com a sociedade, é preciso estabelecer certas regras a serem seguidas e certos objetivos a serem alcançados; eis aí a tarefa do político: participar das decisões da Polis – cidade – afim de determinar como se deve viver e, ainda no bojo do pensamento do estagirita, o que fazer para alcançar a virtude, que na sua concepção seria o “agir para todos”.

Conforme o Minidicionário Luft, Política é a “ciência do governo dos povos e dos negócios públicos”. É lícito esmiuçar essa definição. Conforme o parecer do grande filósofo já citado, o homem só se realiza como homem na vida política; não basta viver em comunidade, é preciso participar das deliberações sobre essa comunidade. Quando se fala em “animal político”, é preciso atentar para o fato de que aquele que participava das discussões sobre os negócios públicos era visto como o “homem”, ao passo que aqueles excluídos das instâncias deliberativas – escravos, mulheres, estrangeiros – eram também privados de receberem essa nomenclatura. Em síntese: homem é aquele que participa da vida política; aquele que não participa é um ser incompleto.

Desde a antiguidade pode-se notar a delimitação da ação política. O próprio Aristóteles vai mencionar três formas de exercer o poder, podendo-se observar suas respectivas delimitações: Monarquia – um governa; e a participação popular? Aristocracia – os melhores governam; quem é considerado “melhor” e por que os outros não se encaixam nesse perfil? Democracia/ Governo Constitucional – todos exercendo o poder; nem todos, os mais gabaritados. Dessa forma, a ação política é sempre marcada pela representatividade. O povo consente em fazer-se representado politicamente.

Essa linha de raciocínio vai atravessar os séculos, e chegando à época dos filósofos contratualistas, encontrará um forte eco. Os três grandes contratualistas de que se tem notícia – Hobbes, Locke e Rousseau – vêem a ação política como incumbência do Estado, que é a instituição abarcadora dos interesses de todos – essa concepção de Estado sofrerá pesadas críticas da parte de Marx e Engels. Não menosprezando a insigne contribuição dos dois ingleses, é bastante plausível observar o posicionamento do escritor e filósofo genebrino. Rousseau, citado por Lopes Ferreira, afirma que “no momento em que o povo se faz representar não é mais livre”, e que “ninguém pode querer por ninguém” (p. 37). Esse grande pensador chama a atenção para um fato muito provocativo: o povo não é mero espectador; é o autor das decisões políticas e o destinatário das mesmas! Já que algumas pessoas são requisitadas para agir em nome do povo, é preciso fazê-las perceber que os interesses vigentes devem ser os do povo e não os seus particulares.

A crítica de Karl Marx e Friederich Engels a essas concepções contratualistas constitui o despontar de paradigmas inovadores na Política. Para esses pensadores alemães, o Estado é a forma pela qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns. O Estado continua sendo uma instância de grande importância política, mas só não é visto como expressão de toda a sociedade, e sim expressão de uma parcela dessa sociedade, a saber, a classe que detém a posse dos meios de produção, a Burguesia.

Essa nova postura frente ao Estado também foi criticada. Pensadores neo – marxistas questionaram se o Estado é mesmo um “comitê para gerir as coisas dos burgueses”. Alguns sustentaram que não; que o Estado representa mais do que os interesses da classe detentora do poder material. Há, inclusive, teóricos que preferem falar de “grupos dominantes” ao invés de “classes dominantes”, visto que nas sociedades modernas as formas de agir político estão se configurando de diferentes formas, e não dá para olvidar – a contento de uns – do poder cultural, do poder religioso, etc.

O que marca nessa sucinta análise das formas de vivenciar a Política é a tendência a tomá-la como “coisa” distante dos indivíduos “comuns”. Paira uma auréola na cabeça daqueles que representam politicamente o povo, como se aqueles fossem “intocáveis”. Note-se bem: foi escrito “representam”, e não qualquer outra coisa que lembre “ditam” ou “manuseiam”.

A Política deve fazer – se mais próxima do povo, e aí entra a sua função nas Ciências Sociais. Bertolt Brecht já dizia que o pior analfabeto é o analfabeto político. Pior porque o indivíduo desconhecedor das ações políticas é constantemente tratado como massa de manobra. É explorado de forma absurda, e ainda pensa que isso se deve a alguma interferência transcendental, quando na verdade os homens que se julgam paladinos da justiça para todos se valem da insensibilidade de uns e outros para buscarem o auto – beneficiamento. Rousseau já alertava para isso, é o povo o criador das leis e também o seu público – alvo. A Política, como importante ciência social, deve dissecar na frente das pessoas das variadas partes da sociedade a Política como ação prática – note-se a diferenciação feita: Política como ciência social e Política como ação. As pessoas precisam saber que devem participar ativamente das decisões sobre a vida coletiva. Devem fazer – se íntimas do sistema de governo da nação, a fim de usarem os artifícios certos para conseguirem os seus direitos.

A Política, assim como a Antropologia e a Sociologia, trata de fatos referentes ao homem em sociedade. Ainda lembrando Brecht, mostra que até o preço do feijão que sacia o homem tem a ver com a ação política. Por isso, é de suma importância fazer com que o saber político seja bastante forte na academia e que o mesmo dialogue com os anseios de toda a sociedade, visto que o desinteresse político pode gerar inúmeros prejuízos para um país, como por exemplo, no caso do Brasil, políticos pagarem suas contas com dinheiro de procedência duvidosa ou enriquecerem “da noite para o dia”, só porque estão “representando o povo”.

“O homem é um animal político”, defendeu Aristóteles. Fica o clamor para que todos os homens reconheçam – se partícipes da confecção de uma vida justa e igualitária, e o saber político é imprescindível para isso. O ideal é que ele alcance as escolas, as igrejas, os clubes, enfim, todos os espaços em que os homens são levados a pensar suas práticas sociais. Sendo assim, será notório que o Estado – preocupação de todos os pensadores citados aqui – deve ouvir os apelos da população, afinal, como assertou Jean – Jacques Rousseau, ali há “(...) ‘funcionários’, empregados ou comissários, não os senhores do povo.”

Futebol milionário X lixo

Pessoal, tomo a liberdade de colocar aqui uma bela crônica de um futuro (ou já grande) jornalista amigo meu, Josias Mendes. "A pior doença é a indiferença" (Do filme O Amor é Contagioso).

Crônica

Futebol milionário X lixo

Josias Mendes da Silva

josiasjornalismo@hotmail.com

Tarde de domingo. Como sempre, depois de uma semana de trabalhos e estresse, é momento de relaxar um pouco, reuni os amigos e assisti ao bom jogo do Campeonato Brasileiro. Aliás, nem há descanso, pois antes e após os jogos, os debates e as gozações deixam os nervos à flor da pele. Já no andamento da partida a adrenalina sobe, o coração vai a mil e a tarde, que era para ser pacata, torna-se inquieta e angustiante. Mas faz parte do hobby. Tudo é graça.

O papo de hoje, cheio de fanatismo e demasiadamente imparcial, versava sobre as disparidades e a situação econômica dos clubes nacionais. Assim, eu, como agrestino e fiel torcedor da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), lamentava a falta apoio da parte dos governantes e dos empresários arapiraquenses para com a diretoria alvinegra. O ASA, única equipe do interior de Alagoas com o direito de disputar a série C do campeonato , está com sua participação ameaçada por não disponibilizar de no mínimo R$ 150 mil mensais, folha salarial pretendida pelos dirigentes. A situação com os clubes da capital também não é diferente: o até então presidente do CSA, Ricardo Coelho, largou o barco, tendo como um dos principais motivos falta de apoio. E o CRB, sério candidato à degola deste ano, vem aos trancos e barrancos na série B.

Em âmbito nacional, eu, torcedor do Flamengo cujo símbolo é o urubu, gabava-me com os atuais negócios do clube. É que a diretoria rubro negra firmou um contrato com a Olympikus, e a multinacional vai disponibilizar cerca de R$ 200 milhões em cinco anos, o que equivale a quase R$ 3,5 milhões por mês, para despesas com materiais esportivos do clube. Esse contrato é o maior da história do futebol latino americano. Isso me bastava para eu ironizar e tirar ondas dos são-paulinos, palmeirenses, corintianos e vascaínos que estavam assistindo ao jogo comigo – São Paulo X Santos - pela telinha.

Ao término do jogo e das discussões, decidi dar um passeiozinho pela orla. Havia chovido dias atrás e o amontoado de lixo na Praia da Avenida era algo entristecedor! Os urubus pairavam no ar e desciam à areia em busca de alimento, pois carniças existiam de fartura. Quanto descaso de nossa população e de nossos governantes pelo meio ambiente. A descontração de momentos antes dava lugar a um incipiente desgosto e a uma vontade de não mais exercer minha cidadania: votar.

Mas o pior estava por vir. Ao longe, avistei uma coisa em uma ferrenha briga com os urubus. Ao aproximar-me, vi que era um menino, todo maltrapilho. Não quis acreditar naquilo. Então falai para mim mesmo que ele estava apenas brincando com os indesejáveis animais e gritei: “sai daí menino! Deixe de brigar com esses nojentos! Não ver que você pode pegar uma doença!” Ele, então, olhou para mim e disse com voz trêmula que estava vendo se tinha “algum dicomer nasquelas coisas”, pois “tava” com fome.

Pasmem os senhores: ele estava vestido em uma velha e encardida camisa do Flamengo. Foi um soco em meu estômago e em minha consciência. Quanto tempo eu havia perdido em minhas provocantes discussões. Lembrei- me das disparidades: R$ 3,5 milhões, R$ 150 mil, e agora lixo. Apenas lixo.

A inserção do jovem ao mercado de trabalho

O desenvolvimento capitalista brasileiro ocorre de maneira propensa a exclusão do jovem, pois se de um lado falta políticas públicas que possa resolver o problema, do outro lado a desqualificação, já conseqüência de uma educação precária que o governo oferece; e não só isso, mas também a falta de experiência, que o mercado exige sem escrúpulo algum.

Desde os tempos mais remotos da formação do Estado brasileiro, bem como, a imersão do país aos índices e estatísticas de desenvolvimento da população que ocorre de forma emergente que o Brasil até pela sua progressão um pouco tardia em relação aos países mais desenvolvidos da Europa; não sabe o que fazer com os jovens, e mesmo com todos os mecanismos governamentais, um posicionamento efetivo para resolver o primeiro emprego juvenil ainda continua sem solução.

A grande causa relevante de discutirmos a inserção do jovem ao mercado de trabalho é que o Brasil é essencialmente um país de jovens com um numero estupidamente grande deles submetidos à ociosidade. Porém a mentalidade juvenil dos vinte anos para cá, sofre profundas modificações na sua essência principalmente no parâmetro de como o jovem enxerga hoje o mercado de trabalho, como ele se ver inserido nele, e como o mercado analisa a imersão destes, que muitas vezes vem sem experiência alguma. Vamos analisar, é lucro para uma empresa contratar uma pessoa com nesse perfil? De imediato claro que não, mas se pensarmos a longo médio prazo, o jovem com toda a sua vontade de aprender, irá sim gerar lucros formidáveis para a empresa; se esse é o objetivo voraz do mundo capitalista hoje.

O ingresso juvenil ao mercado de trabalho deve ser debatido, e está sendo por longas datas, mas não será resolvido enquanto não ocorrer, como já foi dito, políticas públicas efetivas que possam realmente tirar os jovens da ociosidade e por conseqüência pelo menos minimizar o grade problema da imensa quantidade de jovens envolvidos na criminalidade; e resolver o problema da imersão do jovem ao mercado de trabalho.

Sons Subversivos

Alguma luz me fez refletir sobre o que vou escrever aqui hoje.

Sei que as condições muitas vezes de lugares de pesquisa parecem ser perigosas quando põe em risco a imparcialidade de uma descrição de qualquer cientista social.

E se ele não tiver métodos nem modos propícios, ele poderá diretamente passar para um nível pessoal e subjetivo.

Mas não mais falarei sobre o que os cientistas desse ramo sabem desde os primeiros dias em sua unidade acadêmica.

Procuro aqui relatar experiências vividas como forma de pesquisa - pois como não poderia deixar de ser, onde há campo de trabalho há trabalho, e como todos aqueles fatos com o qual procurei embasar esse meu raciocínio estiveram fora de mim sem nenhuma especulação pessoal, seria realmente de bom grado relatá-lo como uma pesquisa científica.

Pois bem.

Durante a noite de ontem estava eu numa pequena boate de espaço totalmente fechado, onde se podiam ver as caras das pessoas somente com as luzes que se acendiam.

O gelo seco espalhava-se intermitentemente pela escuridão ao longo de todas as pessoas que ali escutavam música de um DJ paulista ou carioca que estivera fazendo uma espécie de turnê por nosso estado. A combinação som-iluminação-efeitos tornava aquele espaço passível de se dançar, e foi o que muitas pessoas o fizeram. Durante toda a noite.

Poderíamos até aqui ler esse texto, mas ainda sem entender o sentido. Até agora foram tudo panos de fundo para que o ambiente fosse relativamente necessário sobre a indagação posterior por parte de mim.

Durante um período de quase 3 horas completas estive nesse local - certo de que poderia me divertir - mas sabia que para minha própria satisfação seria necessário outros tipos de música a quais me rendo e que sabia que jamais tocaria naquele lugar. Portanto, eu me considerava neutro diante de todo e qualquer fato que ali se sobrepusesse. Sem restringir minha ordem de análises, procurei ver os fatos e imaginá-los imediatamente por sua finalidade. Tentei levar em consideração diversos fatores, tais como:

* As pessoas têm uma geral filosofia de que aquelas músicas são somente para se divertir como ali estava ocorrendo;

* O ambiente de estréia da nova iluminação abrigou centenas de pessoas das quais não conhecia suas respectivas identidades, porém sabia o motivo de terem ido - a diversão com talvez um pouco de curiosidade.

O que importa é que não se vira nenhuma dessas pessoas paradas diante das músicas que variavam naquele lugar, a não ser eu e outra pessoa, sem a qual não iria ser possível ir para este local tentar automaticamente passar a analisar o que aqui relato. Os estilos musicais oscilavam entre música eletrônica, funk, pagode, reggae e forró. E essas características são consideradas normais para uma boate, o que me faz pensar em generalizar esse fato em todos os domingos que pessoas se reúnem por este mesmo propósito naquele local. A diferença seria que o número de frequentadores não fosse o mesmo todos os dias. Mas deve-se levar em consideração que apenas uma pessoa iria inúmeras vezes para este mesmo lugar, sob os mesmos propósitos.

Tendo em vista todos esses fatos acabei montando diretamente um raciocínio final: quais as consequências de se estar em lugares assim? Temos que nos ater aqui a uma coisa: jamais levaria em conta o que EU indagasse sobre minhas próprias consequências, se o que me importava era justamente saber o que AQUELE conjunto social estaria ganhando ou perdendo. Isso significa que essas consequências não podem ser vistas subjetivamente como se fossem minhas consequências. Prosseguindo, tomei a liberdade de indagar naquele momento, naquele lugar, naquelas condições em que muito me assemelhava às pessoas, se não fosse a ingestão de álcool por parte delas e da falta de motivos por parte de mim em aproveitar aquela noite como qualquer um. Desejei ressaltar isso porque considero uma pesquisa social que seja totalmente empírica, onde só se pode relatar aquilo em que se pode pesquisar concretamente. Talvez é aí que esteja meu limite de subjetividade durante essa pesquisa: a escolha do método.

Pois bem, o que mais me chamou a atenção e me fez ter uma visão acima de qualquer pensamento ingênuo daquelas pessoas foi realmente levantar quais as consequências possíveis daquele conjunto de fatos. Mas vamos entender o que eu considerei: os fatos por si só, acredito eu, não levam as pessoas a isso, pois se assim fossem eu estaria também agindo da mesma forma que todos, já que eu estava lá. Sou prova disso. Outra relevância é que as pessoas tinham muitas das músicas - das quais eu não costumava escutar em minha região - com suas respectivas letras na ponta da língua. Isso pode ser "sintomas" de músicas que se repetiam naquele mesmo lugar durante todos os dias em que ele estivesse aberto.

Fator importante para se encontrar respostas para minha finalidade-mor deste texto: a própria música.

Eu acredito que a música exerce muito mais do que a vontade de se divertir. Em qualquer lugar, se você tem alguma preferência musical, poderá agir rebaixando outros estilos ao ouví-los. Enquant0 que, ao ouvir suas próprias canções escolhidas, um sentimento de satisfação estará dentro de você. Isso é fato. Mas vamos levar essa consideração ao ambiente ao qual escolhi pra relatar.

Eu procurei respostas que me envolvessem nas certezas daquelas consequências. Acho que as encontrei, mas antes de revelá-las, devo informar as consequências que se tornam O PONTO IMPORTANTE desse texto.

Num lugar propício, onde a liberdade se parece assegurar as pessoas de diversas razões, já que o sentimento de liberdade por ter pago para entrar e por isso ter direito de estar ali, livre, se combina com muito o que se vê depois dos portões daquela casa de show.

Sabemos que a fiscalização quando não-rígida permite a entrada de menores de 18 anos nesses lugares. Quando o que importa é a venda de ingresso, nada de justo se pode interessar. Muitos seguranças só barram pessoas quando elas entram com algum material que machuque alguém lá dentro. E a casa de show não exibe conteúdo adulto, por isso é liberado para gente que seja um pouco mais jovem que 18 anos.

Dentro de um espaço relativamente pequeno e fechado, as pessoas fumam e a fumaça não escoa senão dentro do próprio nariz dos fumantes ou das pessoas não-fumantes, que sofrem mais com isso. Os jovens têm mais contato com álcool, cigarro e qualquer outra droga que possa ser oferecida no local. A fiscalização não proíbe nesses lugares o consumo de drogas lícitas por parte dos jovens, visto que o álcool ingerido lá dentro é vendido pela própria casa de show. Por fim, quem procura esse caminho não nasce com esse desejo.

A partir de contatos desde a infância ou em qualquer outra idade a pessoa está passível de aprender a viver nessas condições passíveis de serem novos frequentadores destes mesmos locais e consequentemente usuários dessas mesmas drogas. E o caminho possível que leva essas pessoas a este "estilo de vida", se é que podemos chamar isso, é justamente capacitado, a forma cultural mais presente na vida do ser humano. Basta vermos a alta possibilidade de a música influenciar as pessoas, com toda sua alienadora aparência de que é inofensiva.

A música é altamente passível de conspirações, e como ela se apresenta atualmente em nossa região, com suas apologias ao uso de substâncias que desnorteiam o ser humano, se torna perigosa e influente para todas as camadas populares.

Portanto, finalizo este texto dando importância às principais coisas aqui tratadas: a influência musical pode tornar a sociedade indiferente da imprudência que se vê hoje no consumo de drogas lícitas, pois fazem o indivíduo, principalmente os mais ingênuos, entrarem neste tipo de mundo à procura de normalização junto à sociedade que este pertence.

Escrito por Nô Gomes.

Sobre Discotecas, Canaviais e Saudades

Quando menino eu sonhava em ir à “Discoteca do Brandão”, em Teotônio Vilela. Eu via os mais velhos irem e ficava me lamuriando por não ter a idade necessária para freqüentar aquele lugar mágico. Também havia a “Discoteca do Côca”. Todo mundo dizia que a do Brandão era melhor que a do Côca, pois era maior, tinha um jogo de luzes coloridas “massa” e um reggae mais dançante- foi passando defronte a do Brandão que escutei pela primeira vez Banda Reprise: paixão à primeira audição. Na Discoteca do Brandão dava muitas brigas, é verdade, mas isso não me tirava o desejo de subverter o que fora estabelecido e adentrar naquele espaço em que hoje funciona uma oficina de bicicletas. Se soubesse que a Discoteca estava com os seus dias contados, e que em breve viraria igreja evangélica, locadora de vídeos, espaço “mal-assombrado”, oficina, teria ido uma noite lá, e custasse o que custasse não sairia até escutar todo o cd da Banda Reprise. Mas a Discoteca fechou. E em pouco tempo a do Côca sumiu também. A agonia dos fins de semana foi silenciada, e o único som que se ouvia no centro da cidade era o do sino da Igreja da Praça, chamando o povo para lavar suas culpas na missa dominical.

Eu não entendia por que as duas Discotecas haviam fechado. Era triste ver aquelas espécies de templo da música silenciados. Eu, o seu distante admirador, fiquei estarrecido com o fato, e aqueles que as freqüentavam todo fim de semana, após mourejarem nos canaviais da região? É isso: sem aquelas badernas embaladas por Pato Banton, Banda Reprise, Cidade Negra, como suportar a vida dura do corte da cana, da “limpa de mato’, da irrigação? Foi um grande desserviço o desaparecimento daquelas casas tão benquistas.

O que noto hoje, a partir de um olhar mais aguçado sobre esses fatos, é que tanto “a do Brandão” quanto “a do Côca” foram vítimas de um processo muito comum em nossa realidade social: a migração. Eu não compreendia isso à época, mas depois pude perceber que o trabalho sazonal na agroindústria canavieira leva as pessoas- e muitos jovens, inclusive- a outras regiões em busca de trabalho, após a safra. É muito comum em regiões canavieiras casas comerciais só funcionarem em tempos de safra. A entresafra é período de carestia, conforme me disse certa vez um canavieiro da antiga Feira Nova, “é tempo de se apegar mais a Deus”. Não foi diferente com aquelas Discotecas: ainda funcionaram por um tempo considerável, seja na safra ou não, mas depois a situação tornou-se inviável, pois com muitos jovens indo para o Sudeste- de forma mais acentuada- e a economia local oscilando mais que o badalo do sino da Igreja da Praça (lembram?), o negócio tornou-se pouco promissor.

Hoje já é possível, pelo menos em Teotônio, uma discoteca sobreviver, seja no inverno ou no verão. (Se bem que esse termo foi colocado em desuso, sendo mais comum na hodiernidade usar expressões como “casas de shows”, “casas de festas”, etc.) Essa sobrevivência é possível porque surgiram oportunidades de empregos em outras usinas da região, e aumentando o número de pessoas da cidade trabalhando em outros estados, o dinheiro que estas enviam para os familiares ajuda a economia a manter certo equilíbrio- mas nem se compara à situação econômica da época da safra. Com a “precarização do precário”, para usar uma taxonomia do sociólogo Cícero Ferreira de Albuquerque, mais trabalhadores estão deixando as áreas canavieiras de Alagoas e indo tentar a vida em outros lugares, inclusive em grandes centros urbano-industriais. O dinheiro que enviam- deixando bem claro que não são todos que conseguem uma condição melhor de vida- torna alguns sonhos possíveis, mas já não mais o de manter aberta a Discoteca do Brandão, ou a do Côca, que tocando um som audível do Gerais às Inhumas, enchia o meu espírito de alegria. Saudades.

1968 - e agora, quarenta anos depois, "o que será que será"?

Há quarenta anos transformações culturais em escala global redefiniram os padrões sociais: cinema, música, sexo, política, ciência, tudo enfim foi tocado por um sentimento de mudança que até hoje ergue bandeiras. Muitas das reivindicações sociais atualmente em pauta são heranças de 1968, onde o desejo de liberdade foi capaz de superar as mais duras formas de repressão. Essa efervescência cultural só foi possível, no entanto, devido a tal contexto histórico: repressão sexual, governos totalitários, censura e unilateralidade cultural dominavam o cenário social até então. Fronteiras bem definidas entre ideais antagônicos permitiram a ambos os lados o reconhecimento do conflito e a identificação da atitude necessária.

Hoje a contra cultura é vendida nas prateleiras dos shopping centers e nas bancas de revistas das esquinas, as músicas e filmes de protesto e a arte de vanguarda - se é que de fato existem, diriam Adorno e Horkheimer - são veiculadas sem censura, as "causas minoritárias" já gozam de considerável espaço no "parlatório da democracia", em fim, esse clima de harmonia e plenitude dos direitos civis difere completamente da realidade daqueles anos de chumbo. Da mesma forma, com certeza os escritos de Kerouac, o sex appeal de Marilyn Monroe ou Brigitte Bardot, a figura de "Che" e as canções de Chico Buarque não surtem mais o mesmo efeito que tiveram em suas épocas, e ainda para ilustrar o caráter paradoxal desses exemplos significativos a citação de Belchior "os filhos de Bob Dylan amantes da Coca-cola". Seria então correto adotar hoje a mesma conduta e seguir os mesmos preceitos de tão distante realidade? Muitas das causas criadas naquele contexto permanecem ainda como sonhos, mas outras tantas já são realidades, a atual situação política, em se tratando de valores democráticos, talvez tenha sido o ideal de ontem, a diversidade cultural colore as ruas, a liberdade de expressão nunca foi tanta assim como o acesso as tecnologias da comunicação. A expressão cultural daquele ano é um marco e deve sim ser lembrada, mas não se deve recorrer a isso de maneira tão saudosista como costuma ser, afinal, não podemos nos esquecer que só foi possível porque existia a contra partida. As causas conquistadas por essa revolução já estão aí para que novas fronteiras sejam rompidas a partir dos novos parâmetros impostos pela dinâmica do desenfreado "Carro de Jagrená" de Giddens, que é nada mais que a opressão em forma de progresso. Cada nova dificuldade reclama uma atitude diferente. Como disse Caetano Veloso sobre a possibilidade de um novo 1968, no mais novo livro de Zuenir Ventura que trata do tema, "pra ser igual teria que ser completamente diferente". Segundo Marcuse as bases de uma transformação social foram lançadas naquele contexto, em que além da antiga luta pelos direitos trabalhistas, causas mais particularizadas expressam as necessidades da vida moderna como as reivindicações dos direitos das mulheres, dos negros, da conscientização ecológica, dos homossexuais, pelas pesquisas com células tronco etc. Tudo por uma realidade socialmente mais justa. Contudo não se pode ir além sem que se icem as âncoras do passado.

No panorama atual o inimigo é invisível e a coerção dissimulada e, por isso mesmo, mais eficiente. Primeiro é preciso conhecer o problema para depois se resolver a questão, pois é oculta qualquer forma de resistência. Caso contrário, novas e velhas causas serão vistas como eternas utopias, resucitadas por saudosistas sem propósito que na falta de problemas para se combater remoem as feridas de uma realidade que já não existe. Enquanto isso a exploração continua sendo exercida sob os aplausos de opressores e oprimidos. Se é que se pode fazer essa distinção.

 
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