1968 - e agora, quarenta anos depois, "o que será que será"?

Há quarenta anos transformações culturais em escala global redefiniram os padrões sociais: cinema, música, sexo, política, ciência, tudo enfim foi tocado por um sentimento de mudança que até hoje ergue bandeiras. Muitas das reivindicações sociais atualmente em pauta são heranças de 1968, onde o desejo de liberdade foi capaz de superar as mais duras formas de repressão. Essa efervescência cultural só foi possível, no entanto, devido a tal contexto histórico: repressão sexual, governos totalitários, censura e unilateralidade cultural dominavam o cenário social até então. Fronteiras bem definidas entre ideais antagônicos permitiram a ambos os lados o reconhecimento do conflito e a identificação da atitude necessária.

Hoje a contra cultura é vendida nas prateleiras dos shopping centers e nas bancas de revistas das esquinas, as músicas e filmes de protesto e a arte de vanguarda - se é que de fato existem, diriam Adorno e Horkheimer - são veiculadas sem censura, as "causas minoritárias" já gozam de considerável espaço no "parlatório da democracia", em fim, esse clima de harmonia e plenitude dos direitos civis difere completamente da realidade daqueles anos de chumbo. Da mesma forma, com certeza os escritos de Kerouac, o sex appeal de Marilyn Monroe ou Brigitte Bardot, a figura de "Che" e as canções de Chico Buarque não surtem mais o mesmo efeito que tiveram em suas épocas, e ainda para ilustrar o caráter paradoxal desses exemplos significativos a citação de Belchior "os filhos de Bob Dylan amantes da Coca-cola". Seria então correto adotar hoje a mesma conduta e seguir os mesmos preceitos de tão distante realidade? Muitas das causas criadas naquele contexto permanecem ainda como sonhos, mas outras tantas já são realidades, a atual situação política, em se tratando de valores democráticos, talvez tenha sido o ideal de ontem, a diversidade cultural colore as ruas, a liberdade de expressão nunca foi tanta assim como o acesso as tecnologias da comunicação. A expressão cultural daquele ano é um marco e deve sim ser lembrada, mas não se deve recorrer a isso de maneira tão saudosista como costuma ser, afinal, não podemos nos esquecer que só foi possível porque existia a contra partida. As causas conquistadas por essa revolução já estão aí para que novas fronteiras sejam rompidas a partir dos novos parâmetros impostos pela dinâmica do desenfreado "Carro de Jagrená" de Giddens, que é nada mais que a opressão em forma de progresso. Cada nova dificuldade reclama uma atitude diferente. Como disse Caetano Veloso sobre a possibilidade de um novo 1968, no mais novo livro de Zuenir Ventura que trata do tema, "pra ser igual teria que ser completamente diferente". Segundo Marcuse as bases de uma transformação social foram lançadas naquele contexto, em que além da antiga luta pelos direitos trabalhistas, causas mais particularizadas expressam as necessidades da vida moderna como as reivindicações dos direitos das mulheres, dos negros, da conscientização ecológica, dos homossexuais, pelas pesquisas com células tronco etc. Tudo por uma realidade socialmente mais justa. Contudo não se pode ir além sem que se icem as âncoras do passado.

No panorama atual o inimigo é invisível e a coerção dissimulada e, por isso mesmo, mais eficiente. Primeiro é preciso conhecer o problema para depois se resolver a questão, pois é oculta qualquer forma de resistência. Caso contrário, novas e velhas causas serão vistas como eternas utopias, resucitadas por saudosistas sem propósito que na falta de problemas para se combater remoem as feridas de uma realidade que já não existe. Enquanto isso a exploração continua sendo exercida sob os aplausos de opressores e oprimidos. Se é que se pode fazer essa distinção.

Sobre a Comoção

Não sei se algum antropólogo já realizou estudos sobre este negócio chamado “comoção”- talvez, pelo menos indiretamente alguém já tenha realizado. O fato é que essa “coisa” (na velha acepção durkheimiana) chamou a minha atenção recentemente, e então me pus a fazer indagações sobre ela. Tudo começou com a morte de dois conhecidos meus: Cosme e Damião. Eram gêmeos. Jovens. Vivazes. Inteligentes. Em suma boa gente. E então? Comoveu-se? Pois é. Imagino que sim.

O bom e velho Durkheim diria que se trata de um fato social, e que, portanto, incide sobre as pessoas com uma força arrebatadora. Ora, gente que nunca viu Cosme e Damião ficou estarrecida ao saber da colisão da moto destes com um trator e da conseqüência fatal dessa batida. A dor de perder duas criaturas maravilhosas não ficou restrita ao habitat familiar. Pulou divisas. De Delmiro Gouveia a Maceió gente “solidarizou-se” com as pessoas próximas aos irmãos.

O acontecimento chocou. Escrevo sobre isso com tristeza, confesso. Mas o que quero sustentar nesta minúscula reflexão é a “não-mecanicidade das coisas”, nesse caso particular, da comoção. Numa abordagem positivista, o “comover-se” seria apenas uma reação mecânica a um acontecimento preso a uma constelação específica de significados. Como se ao saber da morte de alguém uma pessoa já se sentisse necessariamente triste. Mas não é bem assim. A comoção surge a partir de certa interação da subjetividade com o fenômeno. Nota-se que há em muitos casos o que chamamos de “empatia”: a mãe se coloca no lugar daquela mãe que perdeu os filhos; imagina-se perdendo os seus; aí sobrevém a dor. O jovem se imagina sobre uma moto prestes a colidir com um trator sem sinalização; vê seus sonhos baterem numa máquina intransponível, que os fará desaparecerem em questão de minutos; aí sobrevém a dor.

Não só a empatia determina a existência ou não da comoção. A própria crença que habita no íntimo das pessoas de que a vida “ceifada” em condições trágicas é um horror, contribui também. Portanto, é errôneo afirmar que a reação é mecânica. Tanto é assim que há pessoas que nem ligam para episódios como o de Cosme e Damião: nem empatia nem motivação interna levam-nas a comoverem-se.

Meu objetivo foi mostrar que não basta observar um fato a partir da imediaticidade, generalizando-o. É preciso “sacar” a interação que há entre objetividade e subjetividade, pois seres humanos não são e nem agem como o cão de Pavlov; eles são criaturas complexas, incapazes de darem as mesmas respostas sempre, portanto, incapazes de se comoverem mecanicamente.

Lévi-Strauss e o Estruturalismo: vivos ainda?

Estive pesquisando sobre a corrente estruturalista de Lévi-Strauss e caiu-me um questionamento que me fez refletir sobre a eficácia de seu método: teria o estruturalismo ainda algum papel atuante em nossa sociedade, incluindo novas pesquisas sociais sobre seus métodos?

Se estiver vivo, Lévi Strauss estará completando esse ano seu centenário. De fato, seus escritos - O pensamento Selvagem, Tristes Tópicos, Antropologia Estrutural, As estruturas elementares de parentesco - foram febre entre os cientistas de diversos campos da época, quando apresentado seu método lá pelo período da Segunda Guerra Mundial. Sua visão de separar as sociedades quentes e frias também marcou profundamente o método estruturalista, que como o próprio nome já informa, tem a ver com estruturas.

São justamente as infra-estruturas que Strauss procura em seu campo. Tanto quanto ele, houveram vários outros estudiosos que também se utilizaram do método que consiste em transformar o concreto em abstrato e depois novamente em concreto com o intuito de tornar o objeto analisado em completa separação do seu fator histórico (é a sincronia no lugar da diacronia). Que o digam o psicólogo Wund e o linguísta Saussurre.

O fato de decompor os objetos e analisá-los sincronicamente teria trazido resultados aos campos da psicologia e da linguística. Tanto sucesso fez o estruturalismo em suas publicações que tornou-se Lévis-Strauss um célebre nome naturalmente encontrado na Antropologia, Sociologia, Filosofia e Psicologia.

Mas não duvidando da genialidade deste autor, volto sobre meus questionamentos: teríamos alguma forma de pesquisar os fatos atuais baseados no método de decomposição estruturalista?

Vamos tomar algumas relações próprias do estruturalismo: utilizando o método nas ciências sociais, existe sociedades quentes e frias. As quentes, segundo Strauss, seria as que tinha sua história registrada, e por isso ficara comprovada que elas estavam progredindo, estando em constante formação tecnológica. Por outro lado, as sociedades frias são as que não tinham registros históricos e seus valores do passado estavam descritos apenas nos mitos. São estas sociedades, digamos, primitivas.

Ora, coube-me de imediato em minha mente: seria Strauss eurocêntrico? Será que sociedades primitivas não possuíam a capacidade de progredir também só por não terem uma história registrada?!

Mas foi realmente a razão descrita por Strauss que pairou posteriormente em minha cabeça: é claro que as sociedades primitivas não buscam o progresso!!! Elas não são movimentadas para cima como a sociedade capitalista! Se levarmos em conta o ideal capitalista, veremos que o que vale realmente é o fato de se fazer valer o progresso. Imagine 10 anos as mesmas coisas acontecerem tecnologicamente, imagine 10 anos nós usando o mesmo orkut, sem nenhuma mudança! Refleti e descobri, o capitalismo é uma sociedade que abomina sua própria mudança, mas que não vive sem mudanças em suas células! Se elas não morrem para outras entrarem e terem seus momentos de brilho para depois morrerem novamente, elas concerteza ansiariam pela morte do corpo!

A morte do sistema!

Mas vamos ver as sociedades ditas frias:

Elas se posicionam de maneira totalmente estática, estando elas sobrevivendo sem progresso nenhum, suas tecnologias são muitas vezes as mesmas dos antepassados, as lendas e rituais são o único documento histórico que mais se tem por entre as pessoas! Afinal, elas morrem e seu aprendizado fica, já que uma característica de um povo, primitivo ou não, é levar os conhecimentos através das mentes posteriores para a cultura não perder sua identidade.Imagine nossa sociedade sem tv, do jeito que a gente conhece, e de repente nos tiram tudo! Agora imagine uma sociedade indígena ainda inexplorada pelo capitalismo sem nunca saber o que é uma tv! Os índios vivem sem usar msn!!! Incrível, não??!

Na verdade, eles não almejam o progresso, por que não sabem o que são essas tecnologias, nem vivem no ritmo capitalista de mundo. Tampouco foram ensinados a consumir como nós.

Enfim, estas comparações a partir de Strauss me fizeram ver o quanto somos passíveis de inovações em nosso sistema. Somos menos saudáveis do que sociedades "primitivas", ainda existentes. Me perguntava até ontem se ainda existiam indígenas desconhecidos no Brasil, e hoje mesmo vi no jornal índios tentando atirar flechas nos helicópteros que sobrevoavam a Amazônia. Depois desse fato, não tive dúvidas!

Não tenho mais dúvidas também da eficácia atual do método estruturalista. Não porque se comprovaram os exemplos de sociedades quentes e frias, pois essas existem desde que o capitalismo é capitalismo. Mas sim outro fato importante nos dias atuais: a mudança na causa de crimes e de prostituição.

Minha próxima reflexão talvez tenha sido uma teoria que já existira no próprio estruturalismo: o método é usado também para tratar das invariantes para definir os fatos variantes. Isso se coloca justamente na questão do crime e da prostiruição. Ambos são diacrônicos, ou seja, existem levando em consideração seus fatores históricos. Mas pelo estruturalismo, a "estrutura" do crime e prostituição é a mesma em todos os tempos, ou seja, causam seus mesmos efeitos sempre. Ninguém nunca vai dizer que ser vítima de um crime é maravilhoso em diferentes tempos da vida humana! Portanto, a estrutura do crime e da prostituição existem independente dos tempos. Passa a ser um objeto transformado em abstrato e visto sincronicamente. Estamos usando completamente um método estruturalista.

Agora, encontrada essas invariantes, podemos destinguir o que varia naturalmente, ou seja, o que faz parte do tempo. Pois bem:

No crime - que antes era visto (não nos olhos de Durkheim, como um ato ignorado pela sociedade) por motivos de revolta, marginalização do indivívuo desempregado que procura de todas as formas ter sustento todos os dias -, nota-se que indivíduos de classe média, portanto sem nenhum motivo de cometer crimes, passam a cometê-los por prazer ou outras causas que não se explicam como fora o crime visto antes.

Na prostituição, por sua vez, o comércio do sexo existia pelo fato de pessoas não terem como trabalhar e consequentemente não se sustentarem. Chega a ser semelhante aos motivos do crime em sua primeira visão. Porém, com a facilidade de ganhar dinheiro através do prazer, muitas pessoas deixam de trabalhar ortodoxamente (essas pessoas já possuem dinheiro e vida possível) para se dedicarem por vontade própria à prostituição por ser um trabalho não tão pesado e que rende muito mais dinheiro.

Esses fatos são os que me fizeram pensar e repensar até que finalmente afirmara eu:

O estruturalismo continua existindo com toda a força!

Nô Gomes

Juventude, Educação e Lazer

Não sei se algum antropólogo já realizou estudos sobre este negócio chamado “comoção”- talvez, pelo menos indiretamente alguém já tenha realizado. O fato é que essa “coisa” (na velha acepção durkheimiana) chamou a minha atenção recentemente, e então me pus a fazer indagações sobre ela. Tudo começou com a morte de dois conhecidos meus: Cosme e Damião. Eram gêmeos. Jovens. Vivazes. Inteligentes. Em suma boa gente. E então? Comoveu-se? Pois é. Imagino que sim.

O bom e velho Durkheim diria que se trata de um fato social, e que, portanto, incide sobre as pessoas com uma força arrebatadora. Ora, gente que nunca viu Cosme e Damião ficou estarrecida ao saber da colisão da moto destes com um trator e da conseqüência fatal dessa batida. A dor de perder duas criaturas maravilhosas não ficou restrita ao habitat familiar. Pulou divisas. De Delmiro Gouveia a Maceió gente “solidarizou-se” com as pessoas próximas aos irmãos.

O acontecimento chocou. Escrevo sobre isso com tristeza, confesso. Mas o que quero sustentar nesta minúscula reflexão é a “não-mecanicidade das coisas”, nesse caso particular, da comoção. Numa abordagem positivista, o “comover-se” seria apenas uma reação mecânica a um acontecimento preso a uma constelação específica de significados. Como se ao saber da morte de alguém uma pessoa já se sentisse necessariamente triste. Mas não é bem assim. A comoção surge a partir de certa interação da subjetividade com o fenômeno. Nota-se que há em muitos casos o que chamamos de “empatia”: a mãe se coloca no lugar daquela mãe que perdeu os filhos; imagina-se perdendo os seus; aí sobrevém a dor. O jovem se imagina sobre uma moto prestes a colidir com um trator sem sinalização; vê seus sonhos baterem numa máquina intransponível, que os fará desaparecerem em questão de minutos; aí sobrevém a dor.

Não só a empatia determina a existência ou não da comoção. A própria crença que habita no íntimo das pessoas de que a vida “ceifada” em condições trágicas é um horror, contribui também. Portanto, é errôneo afirmar que a reação é mecânica. Tanto é assim que há pessoas que nem ligam para episódios como o de Cosme e Damião: nem empatia nem motivação interna levam-nas a comoverem-se.

Meu objetivo foi mostrar que não basta observar um fato a partir da imediaticidade, generalizando-o. É preciso “sacar” a interação que há entre objetividade e subjetividade, pois seres humanos não são e nem agem como o cão de Pavlov; eles são criaturas complexas, incapazes de darem as mesmas respostas sempre, portanto, incapazes de se comoverem mecanicamente.

Resenha Crítica do filme: Como Água para Chocolate

O filme Como Água para Chocolate baseado em um livro de Contos de fadas de Laura Esquivel, (então mulher do diretor Alfonso Arau), repleto de fantasia, onde amor e ódio, abnegação e egoísmo, poesia e praticidade, se compõem numa obra-prima que conquistou o prêmio de melhor filme no Festival de Gramado de 1993.

No início do século XX, numa fazenda mexicana, na fronteira com o Texas, Tita a quem foi negado o direito de se casar, por ser a filha mais nova, e ter que permanecer ao lado da mãe Elena, para cuidar dela, vive um amor ardente de paixão, contida, apesar de correspondida, por Pedro, o qual acaba aceitando casar-se com sua irmã Rosaura, apenas para permanecer perto da mulher que ama.

Tita, que crescera nos braços de Nacha, cozinheira da fazenda, envolta nos aromas mágicos da cozinha, e orientada pela sabedoria desta, desenvolve o dom como ninguém, transpondo para os alimentos todas as suas emoções, e destes, pra os comensais. É o que acontece quando, sem querer, derrama lágrimas sobre a massa do bolo de casamento de Rosaura com Pedro, e causa em todos que o experimentam, além de uma extrema comoção, uma incontrolável ânsia de vomito. Já para as codornas com molho de pétalas de rosa (as quais lhe haviam sido oferecidas por Pedro), Tita transfere toda a sensualidade, no despertar da recordação do grande amor de cada um que se delicia com este prato, que potencializa e exaltação deste sentimento, e faz desabrochar toda a libido. É neste momento que, Gertrudis, contagiada pelo sentimento impregnado no molho, e exalando em toda a sua plenitude o odor das rosas, atrai para si o capitão revolucionário, e foge com ele, para profundo desgosto da mãe, e conquista da sua própria liberdade.

Desde os biscoitos de nata, ao “mole” (prato típico mexicano), todos os alimentos são preparados, envoltos num ritual onde a magia do elo alimento/vida, aroma/perfume, sabor/sensação, textura/sensualidade... se exacerba numa magnitude que deleita o paladar da alma.

Redimensionando o filme dentro dos postulados antropológicos, podemos analisar o poder da tradição familiar e o peso que ela possui imperando nas personagens. O conceito de liberdade aparece no filme como uma forma de rompimento das tradições familiares.

Recheado de exageros quase que ridículos, e de choradeiras extravagantes, típicas das produções mexicanas, o filme cumpre o que se dispõe a apresentar um conto de Fadas. Mas é claro que a essência do filme, não perde seu sentido; pois as relações profunda entre as personagens, exige uma interpretação específica e aprofundada, que torna, na minha opinião, mais interessante a interpretação dos atores do que sua produção cinematográfica.

ANÁLISE CRÍTICA. Correlação do filme Desafio no Ártico e o texto de Fanz Boas Um ano entre os esquimós

A vida dos esquimós, bem como seus hábitos, usos e costumes foram bem descritos por Franz Boas no texto um ano entre os esquimós, além de esmiuçar, descrever detalhadamente seus contos, lendas, crenças religiosas a mitologia dos esquimós.

Podemos analisar no filme Desafio no Ártico uma gigantesca discrepância existente entre a forma de olhar de mundo dos esquimós e o olhar de mundo que tem o civilizado. As duas concepções de mundo se entrelaçam de maneira harmoniosa no decorrer do filme; mas em primeira estância a etnocêntrica do industrializado, representado na figura do piloto de cargas, toma fez em seu discurso, ele nem imaginava qualquer tipo de relação com esse povo. “Eu mal imaginava que em pouco tempo olharia para aquele pequeno sujeito sujo, de cabelos compridos e olhos brilhantes, com sentimentos de interesse caloroso, para não dizer amizade; mal imaginava a cordialidade com que seria acolhido em suas pequenas cabanas.” ( p. 67 ).

Percebe-se no filme a significativa transformação que acontece no protagonista, onde inicia com o desespero diante da situação, na qual, eles se encontram, até que ele percebe que a jovem esquimó parece ser segura o suficiente para controlar a situação e tenta sem desespero algum sobreviver em meio às adversidades.

O entrelaçamento entre as duas culturas é o ponto crucial do filme, entrelaço este que é expresso na relação entre as personagens principais do filme, uma convivência de afeto e compaixão.

A forma como a materialidade é mostrada no filme é imantada na figura do ex-militar da segunda guerra mundial, não obstante, ao decorrer da relação com a esquimó, que por sua vez demonstra total desapego as coisas materiais, ele começa a “abri os olhos” e amadurecer gradativamente.

Correlacionando o texto de Franz Boas Um ano entre os esquimós com o filme Desafio no Ártico, podemos observar uma relevante semelhança na maneira com que são tratados os povos Inuits; Boas se relaciona como ele mesmo diz “(...) com sentimentos de interesse caloroso(...)”, ou seja, com total respeito. No filme esse sentimento de amizade é conectado ao processo transformação da personagem principal. Lembro-me que na cena de inicio do filme o esquimó é estereotipado pelo grupo de cidadãos que ali estavam, do qual, faz parte o protagonista, onde no roteiro é enfatizada a relação de hostilidade desse sentimento. No entanto no final do filme apesar de ser decepcionante falando como espectador, depois de ter passado por tudo que ele passou inclusive a morte de sua companheira, o roteiro do filme torna a enfocar a relação, agora positiva de amizade entre o povo Inuits e o estrangeiro.

A diferença entre o tratamento que o civilizado tem com o “estranho” e a maneira hospitaleira com que o povo Inuits trata o estrangeiro chega a ser gritante. Exemplo dessa discrepância como já foi mencionada a hostilidade do protagonista com o esquimó no inicio do filme; e a forma com que ele é tratado pelo povo Inuits na hora que é explicitado a confiança dos parentes ao deixar que ele leve uma esquimó doente. É claro que nessa ocasião o interesse financeiro pelas especiarias oferecidas desperta a ganância do civilizado.

Essa hospitalidade Inuits também é narrada por Franz Boas no final do seu texto o entusiasmo, excitação com que o tratou ainda ele sendo um recém-chegado. “Quando cheguei, os homens não sabiam quem iria chegar e formaram uma fila ( referência a cerimônia que é feita para recebe algum convidado ). Mas, assim que descobriram um homem branco, o primeiro a visitar sua aldeia, eles se puseram a gritar muito alto, o que induziu as mulheres e as crianças a saírem das cabanas baixas. Todos começaram a dançar, gritar e cantar, uma balbúrdia que ainda soa nos meus ouvidos. A novidade --- “Qodlunaq! Qodlunaq!”, isto é, “ Um homem branco! Um homem branco!” --- tinha-se espalhado com incrível rapidez por toda a aldeia. Todos estavam ansiosos para ver o recém-chegado; as crianças se escondiam timidamente atrás das longas caudas dos casacos de suas mães, gritando com medo e excitação. Em suma, foi uma cena que vai estar em primeiro plano nas minhas lembranças da vida dos esquimós.” ( p. 80 )

Analisando mais a narrativa que Boas faz do povo Inuits, podemos observar seu entusiasmo ao relatar e descrever os hábitos assim como as lendas desse povo. Desprovido de qualquer tipo de etnocentrismo, mas sempre observando com uma visão do outro, ou seja, Boas não expressa em nenhum momento a vontade de se tornar um deles. Descrição dos rituais, cerimônias relatos das lendas e dos contos enfim toda mitologia dos esquimós, dão sustentação a está maravilhosa e tão agradável narração, onde nós somos levados a imaginar cada minuciosidade descrita por ele.

O Negro e a Escola

Durante o período da Escravidão aqui no Brasil, os escravos eram impedidos de estudar; a Coroa Portuguesa e a igreja Católica não deixavam que isso acontecesse; o ensino era dado para os brancos e afro-brasileiros livres; para os escravos, entretanto, não havia nenhum tipo de educação.

Segundo um censo de 1872, havia no Brasil 1.509.403 escravos, dos quais, apenas 1.403 sabiam ler e escrever, ou seja, 1 para cada 1.000. Assim como no passado, o analfabetismo é hoje muito comum entre a população negra; conforme o censo de 2000, dos 15,3 milhões de analfabetos acima de 15 anos existentes no Brasil, 9,7 milhões são formados por negros e negras, isto é, 18,7% do total. E mais: apenas 2% dos negros têm acesso ao ensino superior, contra 98% dos brancos. Isso é um absurdo num país em que metade da população é de afro-descendentes!

Após a abolição da escravatura não foi tomada nenhuma medida que visasse enquadrar o negro no todo social. O país, querendo industrializar-se, preferia motivar a vinda de estrangeiros ao invés de qualificar a mão-de-obra negra.

Passou o Império, veio a República Velha, o Estado Novo, a Ditadura Militar, a Nova República, e os negros sempre distantes dos bancos escolares. Segundo o censo de 1980, apenas 1,1% dos afro-brasileiros terminaram o 2º grau. O que são 1,1%?! A evasão escolar sempre atingiu mais os afro-descendentes do que os brancos. Isso se deu e se dá pelos seguintes motivos:

- De família pobre, o negro cedo começa a trabalhar para o seu sustento e o sustento dos seus;

- O que é apresentado nas escolas é distante da realidade das crianças e dos jovens negros; os livros didáticos trazem sempre pessoas de pele branca, e quando um negro aparece é numa condição inferiorizada.

Ora, diante de uma pedagogia excludente, e da necessidade familiar, o negro não vê sentido algum em continuar na escola!

Como fora citado acima, apenas 2% dos negros têm acesso ao ensino superior. O sistema de cotas, implantado em algumas universidades, surge para reverter essa conjuntura. Atenção! O sistema de cotas não vai acabar de vez com a praga do Racismo; vai sim garantir um direito previsto para todos na Constituição: o direito à educação. Há pessoas que tentam desqualificar de todos os modos essa política afirmativa, chegando até a assertar que os cotistas têm dificuldades em acompanhar os “outros”; crítica totalmente infundada.

É preciso atentar para outro fato: o negro, por meio das Políticas Afirmativas, está entrando nas universidades, entretanto, ele se depara com pouquíssimos ou nenhum professor negro (na Ufal eu só conheço um!).

Diante de toda essa problemática envolvendo a educação dos afro-brasileiros, foi sancionada a Lei nº 10. 639, de 9 de janeiro de 2003. Essa lei determina a inclusão no currículo oficial da rede de ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Tal iniciativa tem por objetivo a valorização da contribuição do negro na formação do Brasil, em todos os aspectos: social, cultural, econômico, etc. Mas é preciso labutar para que esta lei não fique apenas no papel; o tema deve ser abordado freqüentemente. É de grande necessidade fazer com que o negro, a negra conheça melhor a sua história, a sua cultura, e sintam orgulho de ser o que são.

Frei Betto, no seu livro “O Vencedor”, colocou sábias palavras na boca dum certo personagem seu: “Não é ruim ser negro, ruim é o preconceito que pesa sobre o negro”. Não seria necessário escrever mais nada, mas é bom recordar que a educação, segundo o grande Durkheim, é a forma que a sociedade encontra para se perpetuar, através da transmissão de conhecimentos; se não quisermos deixar como herança para os nossos uma sociedade preconceituosa e excludente, é necessário arregaçar as mangas desde já.

Milhares de Cidadãos a Favor das Cotas

Mais uma vez há uma avalanche de críticas sobre o sistema de cotas nas universidades. Não só críticas, mas também ações concretas, pois um grupo de “Cento e treze cidadãos anti-racistas contra as leis raciais” levou um abaixo-assinado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a inconstitucionalidade das cotas, alegando que as mesmas geram uma divisão artificial na sociedade brasileira (Ver Revista Época de 05/05/2008, p. 102-103). Esse grupo- formado por intelectuais, empresários, advogados, artistas e sindicalistas- parece ignorar a história de luta do povo negro pelo acesso aos bancos escolares, em que iam de frente aos pressupostos de um grupo privilegiado, defensor de idéias assaz retrógradas, como a de que lugar de negro é na senzala ou no “meio das palhas da cana”, como já ouvi de inteligentes “viúvas de um Brasil semifeudal”.

É óbvio que todos queremos uma educação de qualidade, desde a sua base, possibilitando o acesso ao Ensino Superior do maior número de pessoas possível. Há grupos organizados lutando por isso, e devemos ser solidários aos mesmos. O que é inadmissível é deixar o jovem negro cada vez mais distante das escolas superiores enquanto intelectuais, empresários, advogados e demais pessoas desprovidas de visão mais aguçada sobre as maleitas brasileiras colocam no poder indivíduos anêmicos politicamente, que se preocupam mais com que tipo de gastos vão saturar seus cartões corporativos do que com a resolução de problemas seculares.

De fato não há raças distintas nem aqui no Brasil e nem no extremo norte da Rússia. Pesquisas recentes apontam a proximidade genética entre os diversos indivíduos, esclarecendo que o que nos diferencia de fato é o fator cultural e não o biológico. O conceito de raça está muito ligado à união intrínseca inexistente entre traços fenotípicos e genéticos e traços comportamentais, defendida por pensadores conservadores. Na verdade o comportamento cultural não é uma conseqüência direta do sangue que corre nas veias de sujeitos brancos, pretos ou amarelos; a sua compreensão tem um grau maior de complexidade. Quem quiser compreender mais sobre isso é só folhear sofregadamente Boas e Pedro Archanjo- filho ilustre de Jorge Amado em Tenda dos Milagres, que merece ser lido com a mesma dose de sofreguidão.

A partir dessa ideologia, o “povo” negro foi escorraçado e submetido a uma série de privações. Tratado como um ser de uma “raça inferior”, foi explorado pela própria Igreja, que lhe dizia para submeter-se de bom grado aos indivíduos da “raça superior”. Ora, essa submissão continha no seu bojo ver a educação como direito de sujeitos brancos, filhos de colonos e de gente dos píncaros sociais.

Após a Abolição a problemática continuou: o que fazer? Há relatos sobre negros que preferiam ficar nas dependências do senhor a penar numa liberdade sem planejamento algum. Das senzalas para as favelas. O contingente de ex-escravos não foi absorvido pelo sistema de produção- que apostou mais na mão-de-obra imigrante-, e muito menos pelo sistema educacional.

Paralelamente a isso tudo, como mencionado acima, houve lutas impressionantes por melhores condições de vida. O povo negro não ficou na janela vendo a banda passar, mas desenvolveu ações que mostraram o seu potencial de contestação a uma sociedade etnocêntrica e opressora.

O sistema de cotas é uma conseqüência de lutas constantes pela democratização do saber, afinal não faz sentido que apenas uma parcela ínfima daqueles que são a maioria no Brasil entre na universidade. O negro também tem direito a sonhar, a garantir um futuro melhor para si e para os seus. De fato, repito, não há divisões de raças, há sim uma tentativa de garantir os direitos de um segmento da sociedade que por muitos e muitos anos foi espoliado, justamente por influência da idéia de “raça”. Prefiro o termo em sua acepção mais moderna: “determinação”, o “empenho” para subverter as situações de exploração em cada canto desse país.

Materialismo Histórico

Karl Marx, pensador alemão, foi quem fundamentou materialismo histórico, revolucionando por completo o pensamento filosófico. O marxismo teve por influências como o idealismo alemão de (Hegel, Kant, Shelling e Fichte), o socialismo utópico de ( Saint-Simon e Fourier, na França, e Owen, na Inglaterra), e a economia política inglesa ( D.Ricardo e Smith). O materialismo histórico surgi como ciência filosófica do marxismo. Fundamentando o estudo da sociedade numa perspectiva filosoficamente materialista, mas que ao mesmo tempo detém uma interpretação dialética do mundo, desdenhando o entendimento da sociedade a partir de uma análise dos meios de produção, das forças de produção, da relação entre estas, e dos modos de produção. Além de ter como princípios de sua concepção ideológica, a teoria é orientadora da revolução do proletariado na luta entre classes e consequentemente nas contradições do sistema vigente, que só pode ser superado pelo Comunismo. O materialismo histórico nada mais é, do que um posicionamento conceitual da história sobre a perspectiva material. O materialismo dialético é a forma (tese, antítese e síntese) já o materialismo histórico é o conteúdo aplicado na história. Se o materialismo dialético é a base filosófica do marxismo, o materialismo histórico vem a ser a ciência filosófica do marxismo. Este materialismo rompe com toda e qualquer sorte de ideologismos metafísicos que possa explicar algum fenômeno social, mas não deixa de ressaltar a força das idéias como maneira de impulsionar mudanças nas bases econômicas; pois a base filosófica referida acima, pressionou o materialismo histórico a conceituar que a tendência da base material da sociedade seja a econômica. Não se pode, porém considerar o materialismo histórico como uma tese filosófica, e sim uma teoria empírica com caráter científico. As relações materiais de produção colaboram substancialmente a ativação do ser social em produzir e originar bens materiais através das forças produtivas. A cooperação entre a relação de produção e as forças produtivas, é primordial para uma boa vinculação produtiva dos homens. Pois essa correlação de dependência se exprime na força de trabalho que é dependente dos instrumentos tecnológicos, não tirando assim a fundamental importância do homem como elemento produtivo. O conceito básico do materialismo histórico desenvolvido por Marx com a colaboração de Engels, é que a luta de classes e a trajetória da história da humanidade aparecem dentro e no percorrer do desenvolvimento das forças produtivas respeitando as diferentes formas de tratar essas forças produtivas e as diferentes relações de produção desenvolvidas em cada país do mundo. O materialismo histórico é uma teoria empiricamente plausível que remete significadamente a uma teoria social cientifica baseada na historicidade da humanidade, assim como no desenvolvimento do modo de produção vigente até a sua sucessiva e inevitável transformação.

Os Trabalhadores Rurais e o Lazer (Não – Lazer)

Proponho – me aqui a discorrer sobre o Lazer. Muitos leitores podem achar isso um desatino, pois vivemos em um estado que sofre muito por causa do desemprego, sendo este, inclusive, o maior responsável pelo êxodo em massa de alagoanos para o sul e sudeste do país – e, agora, de forma mais marcante, para o centro – oeste. Quero aqui analisar o Lazer – ou a falta dele – dos trabalhadores rurais. Essa categoria tão útil à indústria sucroalcooleira e ao mesmo tempo tão carente de tempo e espaço para a sua humanização.

Usando as taxonomias de especialistas na área, como Sandra Bacal, vê – se que o “tempo livre” do “bituqueiro”, do irrigante, do cortador de cana, é somente um tempo para repor as energias, visando a cair na lida depois de algumas horas. Lazer é descansar, repor as energias para trabalhar em seguida? Ou o Lazer é mais que isso, um fim em si mesmo? Vem de longe essa discussão. Na verdade, pensadores clássicos como Sêneca já chamavam a atenção para o fato de que o ócio – uma das definições dicionáricas de Lazer – não consiste em sentar e cruzar os braços, apenas; mas praticar o ócio significa realizar atividades que tragam gozo ao indivíduo, realização e deleite. Esse raciocínio vem sendo desenvolvido e aprimorado no passar dos anos. Nesse sentido um sociólogo francês contemporâneo, Joffre Dumazedier, sustenta que o Lazer é um conjunto de atividades às quais o indivíduo se entrega a fim de recrear – se, divertir – se, informar – se e formar – se, após se ver livre dos encargos profissionais, sociais e familiares. Ora, depreende – se daí que a atividade de Lazer é mais que chegar em casa “arriado”, tomar café e dormir por seis horas, para retomar a árdua tarefa no frio da madrugada!

No contexto dos trabalhadores rurais, o “tempo necessário” – aquele dedicado ao trabalho – invade de modo bravio o “tempo liberado” – aquele dedicado ao descanso e à distração. Além de enfrentar jornadas que chegam a 14 horas diárias, o trabalhador ainda é atendido com um sistema de transporte precário, que demora tanto para deixá – lo no trabalho quanto para colocá – lo em casa. Nessas condições, o Lazer diário (se é que existe) consiste num Lazer Passivo, usando – se mais uma vez uma taxonomia de Bacal, em que o indivíduo transmuta – se em mero expectador de atividades realizadas por outros, sendo um exemplo evidente disso ver televisão.

Outra questão problemática que se apresenta é o que as cidades propõem como possibilidades de Lazer. Vê – se nos municípios do interior uma desenfreada aparição de praças. Não quero dizer aqui que estas são irrelevantes. Mas, pergunto, isso basta? Será que nossas cidades não precisam de mais espaços nos quais se cultive o gosto pelo cinema, pela música, pelo teatro, etc.? Já bem afirmou Nelson Carvalho Marcellino sobre o Lazer, que o mesmo busca o “humano no homem”; é incrível notar o quanto de humanidade falta em muita gente. Isso devido ao distanciamento de si mesmo causado por uma lógica bem expressa na música “Capitão de Indústria”, do grupo Paralamas do Sucesso, que diz: “(...) eu durmo prá trabalhar, eu acordo prá trabalhar (...)”. Ainda na canção, o sujeito afirma não ter o tempo livre, em que “ele é ele mesmo”, em que nada tem para fazer. Fica a angústia da utopia, minúscula frente àquilo que Bourdieu denominou “Estrutura Estruturante”.

E para finalizar, como se sabe, as oportunidades de emprego para o trabalhador rural são sazonais. E aí surge um objeto de estudo sócio – antropológico muito interessante: após o fim da safra, muitos trabalhadores são dispensados – alguns com Seguro – Desemprego e outros não – e uns poucos permanecem a prestar serviços. Estes últimos vão permanecer no bojo das condições de Lazer apresentadas, precárias ou inexistentes. E os primeiros vão oscilar entre o tempo livre, muito caro aos mais jovens, e a busca dolorida pelo “ter o que fazer” em sua cidade ou em outro estado, sendo isso preocupação mais arraigada naqueles mais velhos que têm mulher e filhos. Numa situação dessas, onde entra o Lazer?

 
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