O tempo de Deus

"O sábio é aquele que sabe discernir o tempo para cada coisa." Elizabethe Lima **Muitas vezes concentrados na realização dos desejos do nosso coração,em perguntas tipo: como? e quando?, mergulhados em nossa ansiedade, deixamos de aproveitar o momento, e a vontade de Deus para hoje. Você já se perguntou, qual o momento de Deus para hoje? não?,ou estas vivendo ansioso demais com o amanha?Não andeis ansiosos com coisa alguma. o que é de Deus para sua vida, não vem adiantado, nem atrasado, mas no tempo certo.Prepare-se para o momento certo, enquanto ele não vem; busque a Deus, faça tudo para agradá-lo, faça Dele a sua alegria e felicidade, e todos os desejos do seu coração se realizarão, olhe para Jesus autor e consumador da nossa fé e Ele te dará forças para esperar e não se precipitar, pois com certeza, vale a pena esperar para viver o tempo e o melhor de Deus para sua vida!!!! Graça e Paz amados.

Dilma Rousseff presidente(a): Primeiras Impressões.

           Dentre as inúmeras percepções que rodeiam o acalorado cenário político que se faz antes e, principalmente, depois de uma votação de segundo turno, uma coisa é certa: esvaem-se as especulações sobre quem vai governar o poder e surgem as especulações sobre o que vai fazer aquele que conseguiu, por aval do povo, chegar ao posto de presidente do país. Dentre os partidários e os nulistas, dentre os analistas politicamente posicionados e emotivos positivamente ou negativamente perante o resultado das urnas e os céticos, surge minha contribuição, que, na busca de distanciar-me de sentimentos que venham a dominar meu discurso, busca lançar-se a fazer as primeiras impressões sobre o que será o governo Dilma Rousseff. Tal discurso, por ser de ordem mais imaginativa do que descritiva, afinal não está sendo redigido após um dia sequer de governo da presidente, busca, com a experiência a mim absorvida pela leitura de textos, da propaganda política na tv, e, sobretudo, da minha experiência durante os dias de exercimento do mecanismo de democracia in fact, que dará a luz direcionada para completar minha reflexão, compreender um ponto de vista que menos falará sobre expectativas pessoais e mais sobre chances que considero reais do governo Dilma Rousseff.

O sentido

Dentre tantos questionamentos que fazemos ao longo da vida, creio que o primeiro deles foi: como eu nasci? será que estou aqui por acaso?.Posso dizer que todos nós fomos criados para uma finalidade e muitos talvez tem aproveitado essa experiencia de "viver" como apenas por estar, vivendo um dia após o outro, sem um propósito, sem perspectivas; mas quero te dizer, querido(a) que lê essas poucas linhas que escrevo, que assim como um objeto foi criado com uma finalidade em que só quem pode dizer é o criador, nós também, fomos criados com um propósito e o sentido está nessa busca e através do nosso contato com o Criador é que poderemos saber e viver isso e descobrir que no final, tudo faz sentido em nossas vidas quando sabemos porque estamos aqui e para onde vamos; e muitos sem esse conhecimento vão vivendo a vida de maneira intensa, como se isso fosse saciar o vazio que está em seu coração, apenas com fazer coisas; mas quando sabemos quem somos em Deus e o Seu propósito, podemos andar seguros em meio as situações difíceis, podemos andar seguros em nossas ações, decisões, podemos andar seguros diante de uma vida insegura, porque temos um Deus, que garante o nosso presente e futuro e nos fortalece para vivermos a cada a dia como se fosse o último!!! **Como eu nasci? como eu cheguei aqui? para onde vou? as respostas encontrei no Salvador.Não posso pagar, não posso pagar, tudo o que eu faço é tão pouco diante do preço que foi pago para me salvar. Graça e Paz amados.

Momentos com Deus

" Nossa vida é marcada por fases e momentos.Uns muito alegres, em realizações, presença de pessoas em nossa vida, conquistas.Uns momentos também muito difíceis, perdas, situações desconfortáveis, angustia, tristezas, são como fortes ventos que tentam nos abater; e em meio a essas situações, muitas vezes questionamos o porque de tudo isso, ou "porque comigo?", situações como essas nos trazem a sensação de que Deus se esqueceu de nós, ou que temos o que merecemos, te garanto que não é nenhuma das duas coisas!!!!!Posso dizer com toda a certeza, Deus não se esquece de nós, Aquele que nos deu a vida e nos preserva até o dia de hoje e garanto também que Deus nos dá além do que merecemos, o seu favor, cuidado, misericordia, bençãos...Acontece é que muitas vezes ouvimos em situações como essas frases como "Deus está provando a sua fé!" e erroneamente nós acreditamos nisso. Claro que não! aprendi hoje que, Deus não vai provar aquilo que ele conhece. Ele nos conhece totalmente! porque testar algo que ele já sabe?. Situações difíceis são necessárias em nossa vida para nos conhecermos melhor, talvez reconhcer que não somos aquela pessoa que diziamos ou achamos que somos, e com certeza, aprender lições que certamente em bons momentos não aprenderíamos. Então, em vez de perguntar "porque"?, pergunte para Deus "que lições queres que eu aprenda a partir desta situação?"Porque Ele te dará tudo o que você precisa para que nada te falte nesses momentos, que são aprendizados nessa escola da vida.Porque uma certeza nós temos: que servimos a um Deus que não perde, que não falha, que não mente e que não muda!!!!e todos os Seus propósitos em nossa vida vão se cumprir e nada ,nada poderá impedir o agir de Deus em nós! E nos momentos que você não compreende, feche os olhos e tão somente creia, pois é a tua fé , confiança que agrada a Deus!!!!e mais uma certeza: Somente em Cristo Jesus, somos mais, mais, mais que vencedores!!!!" Graça e Paz amados (06/04/2011)

Ciência

O que é a ciência, finalmente?
Resposta pra tudo? Resposta pra todos? Solucionadora de problemas? Melhor caminho? Caminho mais exato para o conhecimento? Essa crença é constante, principalmente pelos detentores de senso comum. E é de querstionarmos se não é defendida àqueles interessados na sustentação desse discurso. Fui amplamente afetado quando Rubem Alves (em Filosofia da Ciência) disse que a ciência poderia ser explicada como um refinamento do pensar sobre determinado objeto, de modo a aprofundar-se a ponto de especializar-se, ao passo que, proporcionalmente, ela perde a visão geral das coisas. De fato, existem várias ciências. Dentro de cada ciência, sua própria especificidade. Não temos mais, por ela, como perceber uma continuidade ou a existência de uma comunidade científica que se complete ao resultado das outras, a ponto de dar conta da horizontalidade de respostas para todas as coisas. A interdisciplinaridade entre as ciências é um tema contemporâneo, mais contemporâneo do que nunca, inclusive. Ela demonstra que a sua dificuldade de implantação permite perceber que os resultados obtidos pela ciência são mais contraditórios entre o próprio campo científico do que somativos para a horizontalidade de respostas. A busca da verdade, sempre o objetivo final a ser trabalhado e verificado pela ciência, é desmascarada pelas escolhas institucionais. A verdade passa a ser tida, mediante este desmascarar, como produto de uma relação de poder que envolve diversas técnicas - entre elas o convencimento e os crivos científicos próprios de cada instituição científica -, demonstrando assim uma relação de poder para dizer o que é e o que não é verdade. Pelo modo como o senso comum se guia, o qual muitas vezes se estrutura em postulados científicos e até absorvendo muitos desses postulados para se ordenar no mundo, muitos argumentos científicos se tornam socializados, o que é fundamental para que determinado argumento defendido pela ciência seja internalizado como verdade. Entendo que a ciência cumpre um papel importante na sociedade, ainda que ela se articule a se mostrar neutra e ainda que essa neutralidade seja uma forma de escapar às culpas pelo uso da ciência. O uso científico é uma questão difícil de ser localizada e responsabilizada. Seus resultados são, na maioria das vezes, usados por uma determinada classe fortemente influente na sociedade para a dominação e defesa de seu próprio status. Muitos cientistas, ao analisar os usos que foram feitos das contribuições científicas, passaram a negar a neutralidade e tomar posição para apoiar determinados grupos da sociedade de maneira explícita, a exemplo dos cientistas que trabalham em prol de camadas oprimidas ou passivas da sociedade que sofreram ao longo dos anos com o uso da ciência por grupos envolvidos no processo de dominação social. Tendo a ciência enfim uma visão de valor, assim como valorativos são os saberes filosóficos e teológicos, fica mais fácil compreender a posição científica no mundo e aceitar ser cientista dentro dela, permitindo uma aproximação do real a partir de uma classificação alternativa de fatos que constituiriam o fenômeno existente - pois ainda toma-se que o real é aquilo que acontece -, onde quem vai dizer finalmente se é plausível ou não é aquele que legitima de fato, ou seja, o próprio ser humano, seja em sentido comum ou científico. Assim, os cientistas creem na ciência, os religiosos no seu campo religioso, os filósofos no questionamento e reflexão individual, e assim caminha a humanidade.

Considerações a respeito do luto e outros sentimentos socializados

Todos os dias parecem correr normalmente (logo, sendo rotineiro, logo, um cotidiano qualquer) durante todo o mês, durante todo o ano. O ser humano parece que não está preparado para receber choque de informações por ver o seu mundo girar sem nenhuma sobreconsciência da própria existência. Dessa forma, quando tais informações passam a compartilhar a vida de um indivíduo em determinado dia, ele modifica todo o seu cotidiano, ainda que talvez já seria de se esperar tal informação. Em minha sociedade, pequena e interiorana, mas que reflete a conduta ocidental do luto, se estou com meu aparelho de som ligado alto no cotidiano, quando o momento é intercalado por uma informação como o luto, tudo se modifica e sou proibido, seja por meus parentes, seja pelo imperativo socialmente determinado ao qual me sinto obrigado a obedecer caso as pessoas com quem convivo, ou mesmo meus vizinhos, não me vejam indiferente quanto à situação. Já tive conhecimentos de casos em que enquanto uma pessoa falecera e estava a ser velada no "clima" de luto, o vizinho simplesmente ligara seu som e tratara as coisas como indiferentes, como parte da rotina, como a continuação do cotidiano qualquer, como "tanto faz, tanto fez", de forma a causar ira em quem se solidarizava com o luto ou quem instalara esse luto em si.

Dessa forma, tento chamar atenção para o fato de, no evento do luto, como nossos momentos diários são modificados de acordo com informações que nos põem em um período de reflexão tanto da morte quanto da nossa existência e das lembranças do falecido para com nós ou lembranças que o marcaram. Da mesma forma que ocorre isto com o luto, ocorre o mesmo em momentos de felicidade, como um casamento, um nascimento. Por sinal, os grandes momentos da vida parecem opor-se. Ou se modifica o cotidiano principalmente nos eventos pela vida e por uma nova vida, ou se modifica pela morte, pelo luto.
No entanto, o luto parece liderar o impacto que possui socialmente. Parece ser mais importante a notícia de um falecimento do que de um nascimento, assim como do que um casamento. É mais dramático, ainda que, insisto em dizer, a doença pré-avisara as grandes possibilidades da morte.
Sendo assim, tenho a experiência atual de estar diante de, algumas horas, participar de um casamento, como público. No entanto, antes do evento, recebo a notícia do falecimento de alguém conhecido pela família em que haverá o casamento, o que estrategicamente está sendo mantido em sigilo para não desanimar os animados pelo evento da construção de uma vida nova. E por ser sigilo e eu ficar sabendo, sou cúmplice desse "crime" do silêncio e, podendo avisar a meus próprios pares, os quais conhecem o ser moribundo que falecera, prefiro manter-me em silêncio, sabendo que posteriormente tais pessoas serão avisadas, seja pelo serviço público do carro de som, seja pelas fofocas de cada dia. Afinal, em cidade pequena nada se esconde. Decidi ser "neutro", não tomar influência no caso de ser o que proclama o período de luto, mas sei que não existem neutralidades, no sentido de que o fato de optar pelo silêncio já é uma tomada de posição. Portanto, prefiro ficar em casa, sabendo do caso e escutando as minhas músicas, com minha própria consciência internalizada pelos imperativos de uma sociedade, escutando o som baixo, até que alguém conte que o cotidiano rotineiro e por vezes entendiante está dando lugar, temporariamente, a um momento que chama atenção para a reflexão e a mudança de alguns aspectos do hábito diário, para que todos fiquem sabendo da complacência para com o luto que se instalara entre aqueles que conheciam quem já não existe em essência entre nós.

Uma Nocão Geral Sobre a AYAHUASCA


De acordo com as correntes defensoras do seu uso religioso e ritualístico, a Ayahuasca não é um alucinógeno e sim enteógeno (gr. en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos = gerador), ou seja "gerador da divindade interna".
A Ayahuasca é uma bebida basicamente composta de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (caapi ou douradinho), que serve como IMAO e folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona) que contém o princípio ativo demetiltriptamina. A Ayahuasca é também conhecida como por yagé, caapi, nixi honi xuma, hoasca, vegetal, Santo Daime, kahi, natema, pindé, dápa, mihi, vinho da alma, professor dos professores, pequena morte, entre outros. Sua utilização está associada a práticas religiosas pelas tribos inicialmente amazônicas e posteriormente sua utilização foi disseminada pelo Brasil.

Seu uso segundo as linhas tradicionais, pode provocar a absorção do "Espírito da Planta". Ao fazermos uma entrevistas com usuários observamos a descrição de outras sensações tais como: ter seus sentidos expandidos onde os processos mentais e as suas emoções tornam-se mais profundos, onde pode-se revelar visões notáveis e conseqüentemente experiências de renovação e de renascimento, visões também arquetípicas de animais, de espíritos elementais, de cenas de vida passada, de divindades, etc. À Ayahuasca atribui-se a cura de males físicos, psicológicos, mentais e espirituais. Aqui no Brasil, podemos encontrar a Ayahuasca não só nos aldeamentos indígenas, mas também em outros movimentos religiosos organizados tais como: Santo Daime, A Barquinha, Natureza Divina e a União do Vegetal.


Esclarecimentos sobre a sua Legalização:

• Após 18 anos de estudos, o CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) do BRASIL, retirou a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas conforme portaria publicada no Diário Oficial da União em 10/11/2004.
• A Suprema Corte dos EUA decidiu (em 20/02/2006) que o governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado do Novo México de utilizar o chá ayahuasca em seus rituais religiosos. O veredicto atesta que o grupo religioso está protegido pelo Religious Freedom Restoration Act, aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo que legalizou o uso ritual do cacto peiote (cujo princípio ativo é a mescalina) pela Native American Church — congregação que reúne descendentes de algumas etnias indígenas norte-americanas.
• A ONU emitiu um parecer favorável recomendando a flexibilização das leis em todos os países do mundo no que se refere à ayahuasca.

A descaracterização dos povos indígenas

Uma temática bastante atual que vem sendo crescente dentro da Antropologia ou da própria Etnologia Indígena é sobre: A descaracterização indígena.
A população indígena em si tem as suas próprias peculiaridades nativas, características que vem passando de geração a geração, mas algo de muito grave está ocorrendo desde o século passado, a demanda de igrejas católicas e protestantes nas aldeias vem crescendo de forma avassaladora. E a pergunta que nós fazemos é: até quando os índios irão viver numa coesão social, inibidos muitas vezes de viver suas vidas de modo natural como seus costumes lhes é propício? De fato o crescimento dessas igrejas é um número bem significativo, mas não é só por conta desse agente que os índios estão perdendo a sua caracterização há também outros agentes, mas nesse breve artigo, vamos focar na questão do crescimento de igrejas nos aldeamentos indígenas.
Quando lemos nos livros de história, a história do "Descobrimento do Brasil", vemos qua já no século XV e XVI os povos nativos sofreram grandes pressões impostas pela coroa portuguesa (Carta a El Rei D. Manuel, Dominus : São Paulo, 1963), a Carta de Pero Vaz de Caminha, explicita com propriedade essa afirmativa, assim como o relato dos cronistas (navegadores, missionários, diplomatas, etc) mesmo que alguns relatos sejam romantizados conhecemos bem a nossa história! Falando especificamente das comunidades indígenas de Alagoas, vemos que essa problemática da descaracterização indígena vem sendo crescente no âmbito de nossas pesquisas. O índice de igrejas protestantes, neopentencostais em sua maioria, tem trazido alguns transtornos dentro das aldeias. Muitos índios sentem-se atraídos pelas oratórias dos representantes evangélicos, principalmente através do discusso da TEORIA DA PROSPERIDADE, até mesmo porque a maioria das aldeias localizadas em Alagoas sofre por conta de seu modo de subsistência que em sua maioria é caótico, dependendo primordialmente da agricultura, caça e pesca. A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) - é um órgão responsável pela promoção de educação básica dos índios e por estimular o desenvolvimento de estudos sobre os grupos indígenas. A fundação tem ainda a responsabilidade de defender as comunidades indígenas e de despertar o interesse da sociedade nacional à cerca de suas causas e tais incubências vem desde a constituição de 1988. De todo modo nem sempre essas incubências são realizadas pela FUNAI. Nos aldeamentos em Alagoas podemos visualizar algumas problemáticas, tais como: ações predatórias de garimpeiros, posseiros, madeireiros etc. E por que não falar sobre a penetração, em sua maioria irregular, das igrejas protestantes e católicas? O crescimento de tais igrejas tem trazido pontos negativos, sobretudo não podemos negar alguns feitos positivos, trabalhos beneficentes fazendo com que supra as necessidades básicas das comunidades. Por outro lado, quando entramos em contato com os índios podemos constatar que por trás dos trabalhos beneficentes há um interesse maior que por vezes se resume na conversão dos índios ao cristianismo (falando de uma forma mais abrangente). Segundo dados atuais da FUNAI, os índios sobrevivem do ponto de vista das tradições culturais, os quais demonstram que a população indígena vem aumentando rapidamente nas últimas décadas. Hoje, as 215 diferentes sociedades somam cerca de 358 mil pessoas. Os índios vivem nos mais diversos pontos do território brasileiro e representam, em termos demográficos, um pequeno percentual da população de 150 milhões de habitantes do Brasil. Todavia são um exemplo concreto e significativo da grande diversidade cultural existente no País.
E a pergunta que fazemos é: até que ponto essa diversidade cultural irá subsistir a tantos bombardeios sociais? É de extrema importância a preservação da cultura das comunidades indígenas e o seu reconhecimento como tal, não apenas no papel, mas no exercício prático e efetivo.

Lições do bom e velho Pitágoras

“Se cuidarmos das crianças, não será necessário punirmos os adultos”; essa frase atribuída a Pitágoras eu a vi certa vez no muro de uma creche, isso há muitos anos... jamais esqueci da mesma, e hoje quero partilhar o que ela diz a mim. Sempre achei que o problema da violência não se resolve apenas prendendo ou matando o bandido. Há muitas mentes conservadoras (e eu conheço um bocado delas) que afirmam ser necessária a maior dureza possível para com os criminosos, como por exemplo, arrancar a cabeça dos infelizes (!). A realidade diária vem mostrando, contudo, que tais idéias mais têm a ver com um espírito vingativo do que com o desejo de paz e segurança social. Não defendo aqui que haja a impunidade ou o desleixo no tratamento daqueles que praticam absurdidades contra cidadãs e cidadãos, mas defendo aqui que o problema não seja visto com essa superficialidade que chega a incomodar; essa superficialidade que prega morte aos criminosos e é míope para todas aquelas situações sociais que colocam crianças e jovens em situações de constante risco. É preciso, claro, garantir a segurança das pessoas, o seu direito de ir e vir, mas é assaz urgente tratar para que situações de violência não venham a ocorrer; isso seria, pelo modo, uma “política preventiva”, que procura criar meios para que crianças e jovens se afastem das drogas e da criminalidade. Aí entra a necessidade de serviços de educação, lazer, saúde, etc. Essa postura deve se diferenciar de uma “política punitiva”, que se preocupa somente em extirpar o caroço maligno sem dar as condições para que outros não surjam (e eles vêm surgindo!). Como falar em segurança social sem atentar para o fato de que há políticos que roubam a merenda escolar de crianças carentes e ficam impunes? É, como dizem os mais vividos, “o buraco é mais embaixo”.

Sistema Partidário Brasileiro Pós Constituição de 1988

1-INTRODUÇÂO Neste artigo procuro analisa o sistema político brasileiro destacando o processo de governabilidade democrática pós constituição de 1988, representação proporcional, lista aberta, federalismo e presidencialismo são avaliados como pressupostos teóricos que podem explicitar tal sistema. Utilizarei as abordagens dos autores Octavio Amorim Neto (2006), Maria Hermínia Tavares de Almeida (2007), Fátima Anastasia (2007), Monica Mata Machado de Castro (2007), Felipe Nunes (2007), Argelina Cheibub Figueiredo (2007) e Fernando Limongi (2007). 2-DESENVOLVIMENTO É importante destacar, as mudanças no sistema político brasileiro após a redemocratização do país e quais suas implicações na balança de poderes entre legislativo e executivo. Sabe-se que o período compreendido entre 1964 e 1985, o Brasil enfrentou uma ditadura militar, que com seus atos institucionais alterou significativamente a constituição. Passado este momento, cresce a institucionalização democrática. Uma republica Federativa, presidencialista, bicameralismo, representação proporcional, lista aberta e separação de poderes, se apresenta hoje nesse país. Essas mudanças trazem grandes impactos dentro do sistema político, já que uma republica federativa segundo Almeida implica descentralização de recursos para governos subnacionais, principalmente para os municípios através do Funda de Participação do Município (FPM), gerando assim vários interesses partidários para assumir a distribuição desses recursos, no entanto, o resultado dessas mudanças foram mais complexa e menos descentralizada do que imaginam os constituintes e os partidos políticos, pois a distribuição dos recursos foi acompanhada de grandes aumentos da carga tributaria e dos recursos à disposição do governo federal, que por sua vez, impõe a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF-2000) como mecanismo de controle de gastos públicos. Como frisam Figueiredo e Limongi, o sistema presidencialista se caracteriza por processo de tomadas de decisões centralizado e dominado pelo poder executivo. Na visão de Neto, o presidencialismo fornece ao chefe de governo uma responsabilidade de nomear o ministério, com o objetivo de formar seu programa de governo e controlar a agenda legislativa e o aparato burocrático. Segundo Anastasia, Castro e Nunes, o sistema político brasileiro passou por algumas mudanças importantes desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 até o ano 2007, tanto na sua esfera eleitoral como nas instancias dos poderes. Como por exemplo, os mandatos dos agentes políticos de cargos executivos em 1988 eram de cinco anos, vedada à reeleição, hoje são de quatro anos podendo concorrer ao período subseqüente, entretanto, em ambos os anos permanecem a representação proporcional com lista aberta para eleição dos deputados federais, estaduais e vereadores, ficando o sistema majoritário para a eleição de presidente da republica, senadores, governadores e prefeitos. A representação proporcional (RP) indica que nem sempre o candidato mais votado é eleito, para saber se o candidato venceu ou perdeu a eleição calcula-se da seguinte forma: pega o número de eleitores e divide pelas quantidades de vagas oferecidas, o resultado que se define como quociente, será o mínimo de votos que o candidato deve obter para vencer a eleição. Quando o candidato não consegue obter esse mínimo vem a ajuda da legenda do partido. A lista aberta oferece ao eleitorado o poder de escolher políticos individuais e impede a oligarquia partidária, contudo, muitos críticos da RPLA acham que tal forma impede a construção de partidos mais coesos e facilita a migração partidária. Muitos autores defendem a representação proporcional com lista fechada ao invés da RPLA. No sistema majoritário é eleito o candidato que obteve mais votos. Vale ressaltar, que a quantidade de vagas para cargos eletivos principalmente para deputados e vereadores é proporcional ao número de habitantes. Já O numero de vagas para o senado são de apenas três vagas por Estado, e em cada ano eleitoral é feito um rodízio (tem eleição com apenas uma vaga e depois com duas vagas), pois o mandato para esse cargo é de oito anos. Muitos analistas desse sistema político defendem que o país é ingovernável. Com uma visão otimista Figueiredo e Limongi acreditam o Brasil é sim governável com tal sistema, argumentam ainda que a separação de poderes entre executivo e legislativa na constituição de 1988, caracterizou-se por um alto grau de delegação de poderes do congresso para o executivo (mas não de abdicação de poderes), no interior do congresso dos parlamentares para os lideres partidários, restrições ás emendas individuais, maior controle do orçamento pelo executivo e disciplinaridade dos partidos políticos, ou seja, o governo negocia apoio com os partidos, e não individualmente. O apoio do partido, em geral, garante o voto da bancada. Diferente do período de 1946-1964, onde a balança de poderes estava mais equilibrada, apesar ter o mesmo modelo político. Alguns autores acham que a diferença de poderes se deu por medo da volta de uma nova ruptura política institucional, como a que aconteceu no período de 1964 -1985 (Ditadura Militar). 3-CONCLUSÂO Por outro lado, a visão negativa do sistema político brasileiro é alimentada segundo Figueiredo e Limongi por observações da realidade social e econômica nacional. Em fim, a nova ordem política brasileira pós 1988 tem demonstrado grande capacidade de atravessar crises e escândalos, sem que tais problemas ponham em risco a sua estabilidade, no entanto, muito há de ser feito. Referências Bibliográficas AMORIM NETO, Octavio (2006). Presidencialismo e Governabilidade nas Américas. Belo Horizonte: Editora da UFMG, p.p.17-38. ANASTASIA, Fátima e CASTRO, Monica M. M. e NUNES, Felipe (2007). “De lá para Cá- As condições e as instituições da democracia depois de 1988”. Int. MELO, Carlos Ranulfo e SÁEZ, Manuel Alcântara. A Democracia Brasileira- Balanço para o século 21. Belo Horizonte: Editora da UFMG. FIGUEIREDO, Argelina Cheibub e LIMONGI, Fernando (2007). “Instituições Políticas e Governabilidade: Desempenho do governo e apoio legislativo na democracia brasileira. A Democracia Brasileira- para o século 21. Belo Horizonte: Editora da UFMG. ALMEIDA, Maria Hermínia Tavares (2007). “O Estado No Brasil Contemporaneo: Um passeio pela história”. Int. MELO, Carlos Ranulfo e SÁEZ, Manuel Alcântara. A Democracia Brasileira- Balanço para o século 21. Belo Horizonte: Editora da UFMG.

Capital Social

Capital Social Neste ensaio enfatizo uma discussão teórica e reflexiva sobre a definição de capital social, para a partir dele, expor assuntos como cultura cívica, confiança, instituição, democracia, desenvolvimento econômico, sociedade civil, normas sociais, relações socais, cooperação, regras socais, ação racionalizada e redes sociais. Utilizarei as abordagens de Robert Putnam (1996), a visão do Banco Mundial, Maria Celina D` Araujo (2003), Yoshihiro Francis Fukuyama (2002) e Marcelo Baquero (2003). Faço no final do ensaio, contudo, uma argumentação teórica do capital social na esfera educacional da sociedade contemporânea brasileira. Destaco de inicio, a contribuição de Putnam, que pretende entender e explicitar as disparidades entre o norte e o sul da Itália no processo de descentralização administrativa, partindo de um conjunto de variáveis que tenta justificar e compreender o desempenho institucional desse país, parte basicamente de analises de partidos políticos, lideres locais, índice de satisfação da população com o governo, ideologias políticas, percebe então, embora o norte como o sul possuíssem a mesma modelagem institucional, o sul apresentava-se uma região mais individualizada, clientelística, com forte presença da hierárquica da igreja Católica, diferente da região norte, com uma cultura política associada à confiança interpessoal. Diante desse contexto, Putnam atribui tais diferenças ao capital social, que por sua vez, para Putnam, capital social refere-se a práticas sociais, normas e relações de confiança que existe entre cidadãos de uma dada sociedade. Sistema de participação que estimulam a cooperação. Quanto maior a capacidade dos cidadãos confiarem uns nos outros, além de seus familiares, assim como maior e mais rico for o número de possibilidades associativas numa sociedade, maior o volume de capital social. Portanto, segundo D`Araujo, Putnam chega à conclusão de que não basta instituições bem planejadas para produzir a boa sociedade, é preciso investir em capital social. No entanto, para Fukuyama partilhar valores e normas não produz, por si só, capital, por que os valores podem ser os valores errados(p.155), e isso não pode ser um bom investimento, pois imagine a Itália meridional, um país com deficiência de confiança e capital, mas com ardentes normas sociais. Então o capital, pode ser definido como um conjunto de valores ou normas informais partilhados por membros de um grupo que lhe permite cooperar entre si, como afirma Fukuyama. Todavia, vale ressalta o lado perverso com que o capital social pode ser utilizado, máfia e gangues por exemplos, são organizações, onde há ajuda mutua, cooperação e laços étnicos ou identidades culturais, mas suas normas e regras sociais não são transparente para quem queira participar desse grupos, além disso, a vontade do chefe é superior ao que possa ser deliberado coletivamente, e isso pode configurar em associações criminosas, como cometer atos de violência para fins lucrativos. Tal ação não pode ser considerada no que Fukuyama chamou de Externalidade negativa do capital social. Já que, não existe ausência de cooperação, como os Ku klux Klan, a nação do Irã e a Milícia de Michigan. Na perspectiva do Banco Mundial o capital social, expressa a capacidade de uma sociedade estabelecer laços de confiança interpessoal e redes de cooperação com vistas à produção de bens coletivos. Nota-se, contudo, pelo mundo afora alguns projetos culturais financiados pelo Banco Mundial, como tentativa de amenizar as crises capitalistas provocadas pelo excesso de crescimento econômico acompanhado de uma alta taxa de desigualdade social. Esses projetos visam à valorização da cultura local, fortalecendo o capital social com a criação de valores grupais. Na Venezuela, por exemplo, existe uma cooperativa de desenvolvimento auto-sustentado. Mas percebe nitidamente que tal caridade, busca criar políticas de capital social para salvaguardar o território dos países ricos. Por outro lado, para D` Araujo, o capital social serve de ferramentas para auxiliar comunidade e governo a resolverem problemas socialmente relevantes e para o desenvolvimento sustentado e para a revitalização da sociedade civil e da democracia. Já para Baquero, a teoria do capital social tem no âmago de sua analise o desempenho das instituições democráticas, em se tratando de um conceito problemático. Do ponto de vista ideológico chamou- o de empowerment da cidadania, o pluralismo e a democratização. Este autor coloca uma diferença do capital social dos outros capitais, este reside nas relações e não no individuo sozinho como é o caso do capital humano. Baquero defende o capital social como forma de aumentar a inserção e participação do cidadão na arena política. Pois a nossa cultura política implica os cidadãos quer que o governo faça as coisas e não decida coisas. Este argumento, não cria confiança nas relações sociais, aumentando a instabilidade democrática. Já Fukuyama ver o capital social como uma criação diária e espontânea geradas por pessoas. Para D`Araujo , facilita a cooperação espontânea e minimiza os custos de transação, defendidos pelos economistas como processo de normas informais e cultura política para D` Araujo é um fenômeno universal, ou seja, onde há uma comunidade humana há formas organizadas de poder e há portanto uma cultura política, mas essa cultura pode ser autoritária. A democrática predomina o espírito cívico. Já o termo cultura cívica serviu de pano de fundo para explicitar a imensa quantidade de ditaduras formadas a partir dos anos 1960. Todavia, quando a autora fala em sociedade civil, refere-se a uma sociedade em que grupos organizados, formais ou informais, com dependência do estado e do mercado, têm condições de promover ou de facilitar a promoção de diversos interesses da sociedade. D`Araujo concorda com Putnam, quando este defini duas fontes de gerar a confiança no capital social: regras de reciprocidade e sistemas de participação cívica. O primeiro tem a haver como dizia no tempo de César (...) “Nenhum dever é mais importante do que retribuir um favor.” Isto implica também na regra de constrangimento social. A segunda coloca- se em varias conjunturas como: corais, clubes, partidos políticos, grupos de lazer, cooperativas, etc. Na comunidade cívica o contrato que mantém a cooperação é um contrato moral. Entendo por cooperação a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim. Haja vista que essa cooperação possa ser direta ou indireta. Confiar e usufruir das vantagens de confiar produz mais confiança. D`Araujo defini capital social por três fatores: confiança, normas e cadeias de reciprocidade e sistemas de participação cívica. Segundo Baquero a ausência desses elementos geram tensões permanentes e instabilidade na sociedade que, no maximo, pode aspirar a uma democracia instável em que mecanismos de engenharia institucional não raro parecem medidas casuísticas e descontextualizadas, além disso, a credibilidade de um sistema político e seu eficiente desempenho, depende do grau de confiança que as pessoas têm nas instituições. Fukuyama define dois tipos de normas sociais, as formais e as informais, as primeiras são geradas hierarquicamente como: leis escritas, constituições e textos sagrados. As informais são geradas espontaneamente, não são escritas, e predomina no capital social, como: falar a verdade, cumprir obrigações e exercer a reciprocidade. Algo que Weber também considerou vitais para o desenvolvimento do capitalismo ocidental. Completa Fukuyama, o capital social vai além da esfera econômica. É extremo importante para a construção de uma sociedade civil sadia e permite que diferentes grupos de uma sociedade complexas se juntem para defender seus interesses, que de outra forma poderiam ser desprezados por um estado forte ( Fukuyama, 2002, p.157). Concordo com D` Araujo quando coloca que tanto Putmam e Fukuyama ver o papel da confiança como a base do capital social, pois a confiança necessita de uma relação mutua, e isso, é muito importante para um país em desenvolvimento econômico. Para exemplificar a ação racionalizada citarei a parábola fumosa que simula o pensamento de dois agricultores de trigo (citação do livro capital social, D´ Araujo, 2003, p. 16-17) David Hume: Um deles tem sua produção pronta para colher e se não o fize perde o alimento básico para o “pão” do resto do ano. E não pode colher sozinho, precisa de ajuda. O vizinho, cujo trigo ainda não está maduro, reflete-“Eu podia ajudá-lo na colheita e daqui a uns dias, quando o meu estivesse maduro, ele me ajudaria. Ambos teríamos salvo nosso sustento e o de nossas famílias. Mas, depois que eu o ajudar, ele vai querer mesmo retribuir?” Na duvida, na desconfiança decide não cooperar e com isso ambos perdem a colheita. Para Hume essa conduta não expressa ignorância ou irracionalidade, ele mostra que comportamentos racionais podem produzir resultados que não são racionais. Moral da historia, o uso da ação racionalizada não é suficiente para produzir o bem-estar. Então, o fato narrado acima não caracterizou o que Baquero acredita ser essencial para o capital social, que são as ações cooperativas comunitárias, tendo em vista resolver os problemas comuns da coletividade. É importante frisar que o capital social não pode ser vistos em termos de cultura ou civilidade, mas em termos de relações e redes sociais. Entendo por relações sociais a interação de indivíduos seja na área da: política, religião, cultura e familiar. Já redes sociais são ligações dessas áreas. Baquero argumenta que Weber avaliou positivamente os resultados e as conseqüências dessas redes de relações sociais para a atividade econômica. Embora Baquero discuta o capital social na sociedade brasileira contemporânea, trazendo algumas questões como: o grau de confiança dos cidadãos perante o sistema político e credibilidade nas instituições publicas. Clientelismo, personalismo e patrimonialismo são analisados pelo autor como praticas corriqueiras do cotidiano brasileiro. Isto associa o baixo grau de confiança das instituições, no entanto, essa falta de confiança não determina a quantidade de capital social. Segundo Fukuyama toda sociedade tem um estoque de capital social, o que diferencia as sociedades o que chama de “área da verdade”. A família, por exemplo, tem muita fonte de capital social (laços de confiança, honestidade e reciprocidade), e sabe-se que no caso Brasil, existe a dificuldade de confiar em estranho, isso acaba provocando o nepotismo. E isto, reflete ainda na corrupção pública. Todavia, o capital social para os organizadores do II Seminário do Centro de Ciências Aplicadas atribuem sua importância no processo educacional de valorização e empoderamente do cidadão, permitindo seu fortalecimento. Defendem que as boas políticas poderiam contribuir para promover nos cidadãos índices favoráveis de capital social. Assim, para Baquero a elevação dos índices de capital social pode ter efeitos positivos na democracia e no desenvolvimento econômico. Seu incremento se dá pela educação potencializada de comportamentos participativos. Portanto, o capital social na educação está associado há um conjunto de normas, comportamentos, atitudes, regras de condutas e valores. Ajudando a gerar capital humano na família, que por sua vez, encoraja a atividade educacional dos filhos. Em fim, os problemas enfrentados pela educação brasileira em termos de políticas de gestão educacional podem ser um importante mecanismo para incentivar o acréscimo de capital social.

Representação no Brasil

Neste trabalho argumentativo procuro desenvolver e definir os tipos e as características de representação no Brasil. Em seguida, faço uma analise da representação política no país. Usarei as abordagens de Hanna Pitkin (1967), Scott W. Desposato (2007), Junior O. B. de Lima e Luis Felipe Miguel (2003). Definir o significado do termo representação é primordial para as discussões posteriores, elemento este para Pitkin central para a democracia. Muitos autores definem o significado de representação como uma forma de disfarce, pessoa fictícia ou artificial que representa a si mesmo, ou a outro. Pessoas que atribuem poderes a outras para representá-las, mas segundo o dicionário Aurélio a definição do conceito de representação está referente ao sf.1ato ou efeito de representar(se), ou seja, ser a imagem ou reprodução do outro. Para Pitkin o conceito desta palavra pode ser classificado em quatro definições: A representação substantiva, simbólica, descritiva e formalista. A substantiva consiste em ações dos representantes eleitos para melhorar a vida dos eleitores, e está subdivida em quatro subcategorias: Trustee, Delegate, “esforço” versus “entrega” e Delivery. Já a representação descritiva, diz respeito as características sociodemográficas dos eleitos em relação as que são apresentados nos eleitores. Por exemplo, “somente brancos são capazes de representar os brancos”, é um tipo de afirmação que se reflete nessa representação, incluem também: gênero, raça, idade, serviço militar, educação, etc. Na representação simbólica, os eleitores aceitam um líder que diz defender os seus interesses e se apresenta como “porta voz” natural, apóia-se em sentimentos subjetivos do eleitorado. Por último, a representação formalista, que é proporcionada quando existem procedimentos justos para eleger os políticos, e mecanismos para puni-los ou recompensá-los por seu comportamento dentro da esfera pública. Nota-se, no entanto, que no Brasil, os atores políticos fazem usos de todos os tipos de representação acima citada. Na opinião de Desposato a representação formalista é a mais apropriada para as democracias modernas, porque permite que os eleitores, e não os filósofos políticos, decidam qual a forma precisa de representação que será utilizada. Além disso, dar a possibilidade de os cidadãos utilizarem seus votos de maneira que aumente a chance de que o seu tipo de preferido de representação seja escolhido (DESPOSATO, 2007 . p.126.). A representação democrática, na concepção de Lima requer que toda a diversidade se faça presente através do mecanismo eleitoral. Este mecanismo é a lógica licita do sistema eleitoral brasileiro. O voto é evidentemente, a condição mais importante da representação no cenário político do Brasil, pois materializa o sentimento do eleitor, mas para Lima este ato não é tão fundamental como muitos autores pensam, já que o ato de representar só ocorre exatamente após a eleição. Todavia, o representante após assumir o cargo, na visão de Pitklin, deve agir de forma que não possa contrariar os desejos dos representados, isto vale, para todos os cargos eletivos e eleições indireta. É importante frisar que, para a autora, representação política é um arranjo público e institucionalizado que envolve pessoas e grupos, onde o que torna a representação legitima não é a ação individualizada, mas a estrutura e o sistema em que essas pessoas e grupos operam. Na concepção de Miguel, o conceito e representação política torna-se cada vez mais complexo, na medida em que a pratica não se adequada aos modelos ideais correntes. Trata-se para o autor de escolher por meio das eleições os atores políticos, no qual serão delegados poderes para esses atores tomar decisões em nome de outros, no entanto, a nível Brasil tais decisões são tomadas para resolver problema mais pessoal do que, de caráter coletivo. E isto é um problema complexo para a democracia representativa do país, pois o processo de escolha dos atores políticos perde sua credibilidade, apesar de ter alguns mecanismos de punição, além do mais, o eleitor brasileiro na sua grande maioria pensa que o simples fato de ir à urna e votar no seu representante já fez seu papel, e que após a eleição o político resolva seus problemas, então, essa falta de atenção no acompanhamento das decisões que estão sendo tomadas pelos agentes políticos, devem ser fiscalizadas pelo eleitor, para que o político não saia da linha. Particularmente Miguel, acredita que a função da representação política significa participar de processos de tomada de decisão em nome de outro, mas também participar da confecção da agenda pública e do debate público em nome de outros. Outras formas de representação dentro dos partidos políticos, igrejas, sindicatos, etc. podem servir de compreensão para entender o conceito e como se dá a representação no Brasil. Referências Bibliográficas DESPOSATO, Scott W. (2007). “Reforma Política Brasileira: O que precisa ser consertado, o que não precisa e o que fazer”. Livro: Instituições no Brasil: Balanço e Reforma. Belo Horizonte: Editora UFMG. MIGUEL, Luis Felipe. Revista Brasileira de Ciências Sociais -art- Representação política em 3-D: elementos para uma teoria ampliada da representação política. 2003. JUNIOR, O. B. de Lima. Instituições Políticas Democráticas: O segreda da legitimidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1997. PITKLIN, H. F. O Conceito de Representação. Berkeley: Universidade da Califórnia. 1967.

O papel dos colegiados na Gestão Escolar

Programa de TV: Fazendo Escola Tomando com exemplo a escola José Monteiro Lima da cidade de São Bernardo \GO, o programa de TV: Fazendo Escola, relata em aproximadamente 55 minutos de reportagem e entrevistas, o perfil educacional dessa cidade, destacando o papel dos colegiados na gestão escolar. Para isso, o programa conta com vários especialistas da área educacional, como: a professora Ilma Passos (Faculdade de Educação\UnB), o professor Erasto Fortes Mendonça (Diretor da Faculdade de Educação\UnB), a professora Regina Vinhais Gracindo (Faculdade de Educação\UnB), a Maria da Gloria Gohn (professora titular da Faculdade de Educação\Unicamp e Uninove) e a professora Márcia Ângela Aguiar do Centro de Educação\UFPE. A princípio destacamos o que significa a missão escolar para esses especialistas, significa mais do nunca, garantir os serviços educacionais de qualidade, garantindo a permanecia do aluno na escola, com o objetivo de formar cidadãos críticos conscientes para enfrentar o mundo moderno. Este é um conceito que indubitavelmente precisa do processo da Gestão Democrática para colocá-lo em práxis. Já que este processo, prever que não apenas o Diretor decida sobre as questões da escola, mas que todos os envolvidos precisam participar seja: setor administrativo, pedagógico e comunidade local, em fim, em todos os sentidos. De acordo com o vídeo, observamos que existe uma grande união para quer a escola alcance uma melhora em seu ensino, independente do nível a ser estudado, uma gestão em busca do entendimento, para passar um conhecimento mais qualificado a cada aluno da escola. E isto, surgiu quando se deu a criação do conselho escolar, que procura dentro do possível adequar uma conjuntura com participação do gestor, conselho escolar, grêmio estudantil, associação dos pais de alunos, para encontrar uma melhor solução em busca do desenvolvimento do ensino na escola, principalmente a escola pública. Ale disso, este conselho procurar em suas reuniões encontrar soluções para problemas diretamente relacionados aos alunos e setor pedagógico, criando projeto para manter o aluno na escola, entre vários projetos destacados, que podem serrem aplicados ao aluno, citamos, por exemplos horta na escola que procura mostrar e viabilizar o aluno com o objetivo de produzir uma parte de seu alimento no dia a dia na escola, outra muito importante é o projeto do aluno monitor, que o aluno passa a ensinar o outro aluno, com o objetivo de que todos alcancem seus propósitos, e a escola se destaque diante dessa atividade. A gestão escolar faz toda esta mobilização entre todos os integrantes do conselho escolar, com a participação do gestor, pais, aluno e funcionários desta instituição escolar de forma democrática, onde este processo democrático funciona de forma integral com todos estes componentes, além de toda uma cooperação do colegiado que procura sugerir juntamente com o conselho escolar, mudanças naquilo que for para uma melhora do ensino dentro da escola pública, pois o colegiado tem uma participação maior integral com o aluno na sala de aula, além de procura compreender de forma mais coerente, a forma de convivência desta comunidade o qual a escola está situada, e buscar entender alguns fatos inerentes a esta localidade e procurar contar com a cooperação desta comunidade dentro daquilo que a escola precisa, de forma democrática e social, de acordo com a realidade presente. Quando todo este aparato caminha junto, fortalece toda uma estrutura e forma uma conjuntura coletiva em torno do corpo administrativo da escola, pois a educação é um todo e tem por objetivo integra o aluno a escola. O colegiado tem uma preocupação com o projeto pedagógico do ensino público, no qual este aluno vai participar diretamente na sala de aula deste projeto que foi idealizado pelo colegiado e, é aprovado pelo conselho escolar em reuniões, a participação efetiva neste processo pedagógico do conselho escolar, está voltado para seguinte objetivo: ensino de qualidade dentro da escola pública. Esta conjuntura educacional vem melhorando desde a criação dos conselhos. Por ter uma participação integral de um corpo formando por várias instâncias, com o objetivo de encontrar um caminho mais viável para o ensino público de qualidade, de forma que cada vez mais esta gestão seja participativa de todo este corpo que nós referimos anteriormente, dentro do ensino fundamental e médio principalmente, onde encontramos as maiores dificuldades na prática destes objetivos incorporados dentro de uma processo educativo com forma participativa e democrática no ensino público em geral. Todavia, se procuramos ouvi todos os meios legais, vamos sempre encontrar algo para ser modificado com objetivo de uma melhoria no ensino público, com certeza nos últimos anos houve um avanço muito grande no ensino público, claro que esta melhora não chegou a todas as partes do pais. Para isto, deve-se ter uma forma de gestão democrática e participativa no processo educacional do país. A professora Regina V. G. ver a participação desses envolvidos como condição da Gestão Democrática. O grêmio estudantil, por exemplo, é um tipo de colegiado que não somente trata do interesse do aluno em si, mas de projetos que possam ser desenvolvidos na escola, pois como deixou claro o presidente do grêmio, “o sucesso da escola não depende apenas da direção e da coordenação, mas sim do próprio aluno”. E isto, é Gestão Democrática. Uma pergunta que surge nesse tipo de Gestão a seguinte – Por que dividir a administração com outras pessoas? E o Diretor desta escola responde: “a palavra que deve prevalecer na escola não é o eu, mas sim o nós.” Segundo o professor Erasto F. M., o conselho escolar que reúne professores, diretores, alunos, funcionário e pais de alunos, tem uma qualidade diferenciada no processo de gestão da escola. Portanto, dividir responsabilidade é um importante começo para melhorar o desempenho escolar. Para Ilma P., este processo deve ter como foco o desenvolvimento da cidadania, e viver a cidadania na escola significa poder ter voz e ter representação na instancia dos colegiados. Projetos como: horta na escola, esporte na escola e meio ambiente, representam formas da comunidade escolar e representantes da comunidade civil organizada se interagirem numa perspectiva de aprimoramento da cidadania. Além disso, por meio da interdisciplinaridade, que segundo a coordenadora pedagógica da escola Dalka Maria Pinheiro, foi a pedra fundamental na mudança da escola, que por meio da interação de diversos disciplina, a comunidade escolar pode socializar os conhecimentos. Apesar de vários tipos de colegiados como: grupos de alunos, associação de pais e conselho escolar, a função primordial do colegiado é a formulação do projeto político pedagógico, que visa a construção da cidadania. Então, dividir com todos as responsabilidades é compartilhar cada passo e caminhar acompanhado. Porque estamos formandos pessoas pra dizer sim, não, pra argumentar e para brigar pelos seus direitos. Como afirma Maria da G. G. gestão compartilhada implica em comunidade educativa, coloca a escola no centro da sociedade, que em contra partida, pode fornecer uma nova cultura política. Para Márcia A. A., a escola é o lócus de formação humana, ou seja, é o espaço para a formação da cidadania. A escola não existe para reproduzir conhecimentos, mas sim como construção de conhecimentos, sejam conhecimentos acumulados historicamente ou como se diz conhecimento da cultura popular. Um dos grandes desafios das escolas brasileiras de um modo geral é criar mecanismos de sustentação de uma estrutura educacional que seja produtiva e cumpridora do papel central da instituição que é o processo de formação dos alunos em cidadãos esclarecidos e comprometidos com a realidade social em que estão inseridos. Devido a grande precariedade estrutural da realidade educacional brasileira onde o aparato material é extremamente restrito para subsidiar as contingências de alunos e professores em sua trajetória educacional formas alternativas de gestão educacional devem ser criadas para que, de acordo com a realidade local, se possam criar cenários favoráveis à constituição de espaços de referência no contexto da educação. Assim, a escola em questão encontrou na gestão democrática, o caminho para, através do conselho escolar, discutir coletivamente as demandas institucionais para, coletivamente, resolver os problemas gerais. Os conselhos são criados para atender conjuntamente os anseios de todos os envolvidos no processo educacional de modo que pais, alunos, professores, diretores e funcionários têm voz e passam a fazer parte do processo se envolvendo a ponto de assumirem para si a responsabilidade de melhorar o ambiente escolar. Dessa forma todas as instâncias são contempladas nos planos de melhorias da escola. O diretor agindo sozinho, trazendo as tarefas prontas para serem executadas pelos participantes dificilmente conseguiria ter clareza para perceber todas as necessidades da escola e provavelmente não conseguiria a participação efetiva de todos os envolvidos. Vários projetos são criados em decorrência das decisões do conselho e acabam virando uma prática de grande importância no curso das atividades escolares. A vida na escola passa a ser marcada não mais pela simples freqüência das aulas mais o aluno vive a escola em todos os seus aspectos participando e se sentindo agente importante na composição da instituição. Os projetos extrapolam os muros da escola e ganham as ruas da cidade de maneira que a sociedade absorve as práticas criadas na escola trazendo a tona um senso de responsabilidade social que perpassa uma comunidade inteira alterando para melhor a convivência social numa abrangência bastante considerável. Cria-se uma relação constante com a interdisciplinaridade, ou melhor, com uma “transdisciplinaridade”, que engloba todos os conhecimentos do aluno num processo contínuo que o inclina a ser um hospedeiro de bons atos e o leva a ser um disseminador de qualidade de vida para ele e para aqueles que lhe estão próximos. É possível, com medidas relativamente simples, contornar os problemas impostos pela precariedade do ensino no país. O vídeo comprova que aquilo que se busca como ideal de educação é factível e está ao alcance de qualquer comunidade. As possibilidades de desenvolvimento do ensino vão, inclusive, além da grade curricular e do progresso puramente pedagógico, e é capaz de atingir o indivíduo em sua essência, tornado este, não só um aluno como também um cidadão completo capaz de modificar o meio em que vive trazendo assim mais harmonia e progresso para a sua comunidade.

Resenha do livro “O que faz o brasil, Brasil?”

No livro do Antropólogo Roberto DaMatta “O que faz o brasil, Brasil?”, encontra-se o que é mais de peculiar no cotidiano brasileiro. No primeiro capitulo faz a distinção entre o brasil com letra minúscula do Brasil com letra maiúscula, que segundo DaMatta há um pouco de cada dele em nós, enquanto o brasil é tratado como um objeto sem vida, um pedaço de coisa que morre, o Brasil tem uma cultura, território, ou seja, é um país. Nossa identidade se constrói duplamente? Já que assimilamos ambos. Com a ajuda da Antropologia Social DaMatta irá buscar compreender essa dualidade. Continuando descreve sobre o que acha da cultura: “... para mim, a palavra cultura exprime precisamente um estilo, um modo e um jeito, repito, de fazer coisas. (p.17). Coisas estas que tem haver com costumes, condutas, hábitos, família, política, festas, etc. Considera essa nação como uma moeda, duas faces, onde temos uma jogada pequena (brasil), e uma jogada do autoritarismo políticos e econômicos (Brasil).

No 2º capitulo abri espaço para discutir a casa, a rua e o trabalho. Na casa está presente as mais intimas relações familiares, não importa como ela seja, tendo teto e parede é o que vale. O homem ou a mulher quando vão para o trabalho se depara com o amigo da casa, a rua, no final da jornada fica a ansiedade de chega nela adentrar e tomar aquele banho e ficar a vontade, pois essa é minha casa. A casa e rua são mais do que meros espaços geográficos, são modos de ler, explicar e falar do mundo, porque ali encontra historia e construção de vida. O trabalho faz parte da rotina, algumas pessoas se deslocam de pé, de trem, de carro para realizar suas tarefas cotidianas. Para DaMatta a idéia de residência é um fato social totalizante, na casa há tranqüilidade, calma, harmonia, na rua há luta, batalha, perigo, no trabalho tem concorrência, reclamação, chefe, batente. No entanto, essas três idéias se correlacionam, e faz parte da vida do individuo. Na rua se ver povo, na casa amigo, no trabalho colega. Portanto, na casa há leis que são facilmente quebradas, na rua nem no trabalho não é permitido, pois tem vigia. Mas há dias em que as regras são manipuladas, como por exemplo, na confraternização entre os colegas do trabalho, e festas como a parada dos homossexuais, carnaval. DaMatta comenta:

...A rua recompensa a casa e casa equilibra a rua. No Brasil, casa e rua são como dois lados de uma mesma moeda. O que se perde de um lado, ganha-se do outro. O que é negado em casa-como o sexo e o trabalho-tem-se na rua...(p.30)

No capitulo “A ilusão das relações raciais”, DaMatta analisa a mistura de miscigenação das “raças”, que alguns autores ver como problema para o construção da identidade nacional brasileira, procura entender a posição de liderança do branco ocidental. A teoria racista via no mulato a degeneração das raças. Termo que Agassiz defende, veja:

“... Que qualquer um que duvida dos males dessa mistura de raças, e se inclina, por uma mal-entendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as separam, venha ao Brasil”.(p.40)

Em seguida compara a relação racial entre Brasil e Estados unidos, enquanto no Brasil não tem um classificação formalizado como nos EUA, pois lá há varias divisões, por exemplo, tem escola de negro e escola do branco, ônibus do negro e ônibus do branco, bairro do negro e bairro do branco, diferente do que acontece no Brasil. Este admiti a intermediação do mulato, lá não, aqui prevalece o triângulo racial, lá o birracial. Para Sergio Buarque a mistura de raças era um modo de esconder as injustiças social contra o negro, índio e mulato, e a idéia de democracia racial não passava de um mito.

Sobre Comida e Mulheres DaMatta distingue o que é “cru e cozido”, enquanto o cozido permite a relação e a mistura de coisa do mundo que estavam separados, o crua é o oposto do mundo da casa, como um área cruel e dura do mundo social. Continuando discernir sobre comida e alimento, o primeiro tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, algo universal e geral, a comida tudo aquilo que foi valorizado e escolhido dentre os alimentos. Nota-se também, expressões como “De-comer”, muito utilizada pelo brasileiro como forma de pedir comida, pão duro, gato pro lebre, água na boca, a boca na botija, com a faca e o queijo na mão, está por cima da carne-seca, citações de valor simbólico da cultura brasileira. O comes e bebes também está presente, quando se fala nisso, as pessoas já se animam, pois esperam comer do bom e do melhor, e de graça. Para DaMatta a comida define as pessoas: “dize-me o que comes e dir te-ei quem és”! (p.58). Diferenciar comida e comidas é importante para entender tal capitulo, o primeiro já foi discutido, mas vale salientar que se correlaciona com homem e mulher, pois comidas associam à sexualidade (“não cuspa no prato em que comeu”).

No 5º capitulo o autor vai procurar resposta sobre de que forma o carnaval ou mundo serve de teatro e prazer, afirmando que:

No caso do Brasil, a maior e mais importante, mais livre e mais criativa, mais irreverente e mais popular de todas, sem duvida, o carnaval... (p.71).

Ou seja, o carnaval cria certas situações que varias coisas são possíveis e outras devem ser evitadas. Ele é definido como “liberdade” e como possibilidade de viver uma ausência fantasiosa e utópica de miséria, trabalho, obrigações, pecado e deveres. É a distribuição teórica do prazer sensual para todos. Trocamos a noite pelo dia, não se fala em mascaras, mas em fantasias, esta permite passar de ninguém a alguém, as pessoas mudam de posição social.

No capitulo “As festas da Ordem” DaMatta compara o carnaval com tais festas, veja:

A festa carnavalesca requer tudo de mim: meu corpo e minha alma, minha vontade e minha energia. Mas as festas de ordem parecem dispensar essa motivação totalizada. Daí, talvez, essas regras rígidas de contenção corporal, verbal e gestual nos ritos da ordem. (p.84)

No 7º capitulo DaMatta disserta sobre algumas condutas que são peculiar ao brasileiro como a malandragem, o jeitinho, o despachante. O jeito é um modo pacífico e ate mesmo legitimo de resolver tais problemas, provocando essa junção inteiramente casuística de lei com a pessoa que a está utilizando. Jeito esse que se configura no jeitinho brasileiro- “você sabe com quem você está falando?”. A malandragem faz parte desse jeitinho, é uma de cinismo e gosto pelo grosseiro e pelo desonesto, o despachante, só pode ser visto quando damos conta da dificuldade de juntar a lei com realidade social diária.

No ultimo capitulo faz referencia aos caminhos para se chegar a Deus, tendo como foco a religião, que segundo DaMatta:

...é um modo de ordenar o mundo, facultando nossa compreensão para coisas muito complexas, como a idéia de tempo, a idéia de eterno e a idéia de perda e desaparecimento, esses mistérios parentes da experiência humana... (p.113)

Completa ainda:

A igreja..., é uma forma básica de religião, marcado talvez o lado impessoal de nossas relações com Deus. Um lado de fato, onde a intimidade eventualmente pode ceder lugar às regras fixas que conduzem a uma impessoalidade... nos cultos que legitimam de qualquer modo as crises de vida

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Editora Rocco.

Underground Sertanejo

[]Sofrido, oprimido

Calejado e franzino

Na areia seca

O calor forte

Esse povo que vive de sorte

Flagelando

Esperando a morte

Enquanto suas esperanças

Ja morreram faz tempo

[]Roupa rasgada, empoeirada

Essa é a realidade do

Underground Sertanejo

Que so vive no desejo

De nao viver só de sorte

[]O sorriso é constante

Banguelo, mas brilhante

Pés no chão

Encaliçando o passado

Deixando marcas a cada passo.

Tudo Azul: Uma analise sobre a pseudo-liberdade carnavalesca e suas transformações nos processos históricos

Pesquisa desenvolvida pelos estudantes do 5º semestre de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Autores: Wanderson Gomes; Willander Nascimento. O Tudo Azul é um bloco de rua alagoano, mais precisamente proveniente da cidade de Murici, interior que fica, mais ou menos, uns 45 km da capital. O Tudo Azul foi um bloco fundado em 1944 e é hoje um dos maiores blocos de rua do estado de Alagoas com a média de 30 mil foliões. Mas o principal aspecto das festividades carnavalescas são as modificações nas rotinas dos indivíduos que delas desfrutam. O interior perde sua característica de interior e ganha nova identidade. Seus habitantes, dias antes do bloco sair, modificam suas atividades rotineiras, se preparam. Construindo um ritual que perdura por décadas e que são transmitidos de geração em geração. Os processos históricos naturalmente nos revelam mutações nos rituais criados pelo próprio homem. Tais rituais concentram em si uma necessidade fundamental de existência: de se fazer sentir; de se fazer notar; de se eternizar ações. Perdurando dentre as posteriores gerações. As mutações desenvolvem-se de acordo com as condições existenciais de cada ser, mas concentra sua força na coletividade. Transformando assim as atividades de um determinado grupo adaptável no seu estado comum. Assim a coletividade age como modelador de suas relações com o meio, e de suas práticas rotineiras, onde através de seu fator ativo nas demais camadas sociais consegue influenciar um indivíduo, que passará a adequar-se aos novos mecanismos desenvolvidos pela maioria. Desta forma, a referente pesquisa transcende a uma mera reflexão sobre um bloco carnavalesco, ela tem como núcleo um desses importantes ritos mantidos pela coletividade: O CARNAVAL. E sua proposta é analisar as mutações causadas por essa mesma coletividade na tentativa de adaptar-se a relativos contexto históricos, ou seja, vamos percorrer historicamente pelo carnaval da época lúdica ao tempos modernos. Esta observação nos remete analisar as expressões populares atuais não esquecendo seus processos históricos que modificaram a forma, o modelo, os objetivos e consequentemente o próprio carnaval. De acordo com a seguinte pesquisa, temos o objetivo de discorrer sobre um conceito que remete a uma detalhada explicação dos papeis exercidos pela massa no período carnavalesco, o conceito da pseudo-liberdade. Durante o carnaval, fazendo valer das abordagens de Roberto Da Matta, os papeis socialmente construídos se invertem. A ordem social e colocada em segundo plano, a interação da festa imprime um sentimento de ``liberdade`` nos indivíduos. O próprio sentimento de liberdade, com tempo limitado, exerce um poder implícito que atua como mecanismo de conformidade na população; caracterizando assim, o que entendemos por pseudo-liberdade.

O Novo Ópio do Povo.

Marx diz que o ópio do povo é a religião através de análises com sua teoria da estrutura e superestrutura. Depois, o ópio do povo poderia ser entendido por outros autores como o bem-estar social que a ideologia e as condições capitalistas criaram juntamente com seu desenvolvimento, tornando essenciais para tal sistema a relação direta entre consumo e produção em torno do lucro e só isso já seria o suficiente para a manutenção do sistema e pra abrir outros caminhos que reforçariam o capitalismo (a moda, a mídia, etc.). Pois bem, a situação hoje não parece diferente em termos de capitalismo, com suas contradições eternas e sua - já compreendida por nós - forma de organização social desarmônica. Mas o que chama atenção hoje é a indiferença, em se tratando de Brasil ( logo, não abordando necessariamente o capitalismo mundial, embora talvez no mundo ocorra do mesmo jeito talvez, ou não, mas de certeza e por isso, eu abordo nesse momento somente o nosso povo tupiniquim inseridos nesse sistema social) em relação aos problemas gerados pelas características do capitalismo atual. Como exemplo, dentre os de todos os dias que poderíamos colher no nosso extenso país, peguemos a situação calamitosa da crise na saúde do Estado de Alagoas atualmente. Um problema do Estado e do Governo que estão sem condições de manter para o setor público (e entenda-se público no sentido mais amplo que se possa ter) da saúde funcionando por irregularidades no salário, fruto muito provavelmente dos desvios de verba em todos os lugares do país que fazem refletir os impactos justamente no setor populacional. É ridícula a situação e condição que o médico do setor público se encontra hoje, com seu salário de fome pra atender um grande contingente de pessoas todos os dias e locais inadequados de trabalho e falta de equipamentos, juntamente com seus auxiliares que em certos hospitais que cobrem o SUS não receberam ainda nem seu primeiro salário do ano. A situação como sabemos através dos jornais é clara e nos indigna. Não só em Alagoas, mas no Brasil todo, vêem-se hospitais e postos de saúde fechando as portas a mando da vigilância sanitária, que faz seu papel de tentar pressionar as reformas nos lugares que não deveriam ser considerados centros de atendimento médico, mas verdadeiros chiqueiros devido a falta de fiscalização e de verba para manutenção desses centros. Não só na saúde, mas nas diversas áreas públicas da sociedade que precisam se manter através do capital, como a escola e as reformas comunitárias. E sabemos principalmente que esta falta de verba não é fruto de uma pobreza nos cofres públicos, visto que os impostos que cada um de nós somos destinados a pagar somam montantes capazes de ao menos atender as necessidades urgentes do povo brasileiro, se não fosse a corrupção. A corrupção hoje se traja de um fator cultural muito peculiar no Brasil, o famoso “jeitinho brasileiro” a que encontramos em todos os lugares, em todas as profissões, sempre em busca de algum retorno positivo a quem pratica-lhe ou as regalias a quem o praticante oferece aos que saem na vantagem com isso. O “jeitinho brasileiro” hoje se tornou sinônimo de esperteza, quando no fundo prepara potencialidades de corrupção em cidadãos que dele se vale hoje, mas que depois pode cometer crimes públicos cada vez maiores e que seus praticantes continuam se sentindo legitimados em suas ações por cometerem tal “jeitinho”, típico do Brasil. Cotidianamente é possível perceber as pessoas querendo passar outras para trás como fruto desse fator cultural típico, onde o que se importa é a sua vantagem e não a conseqüência negativa para os outros. Pois bem, dá para notar a semelhança com a situação da injustiça hoje do setor público e dos que se satisfazem com os desvios de verba com essa esperteza do Brasileiro? Não seria essa corrupção brasileira fruto também de um “jeitinho brasileiro” em potencialidade? Tanto que é difícil você estar hoje num cargo de deputado com empregos vagos de assessoria (onde o indivíduo que viesse ocupá-lo poderia atrapalhar suas regalias do cargo e talvez denunciá-lo por qualquer eventual ato que este considerasse como erro) e seus familiares estão desempregados e não dar um “jeitinho” para empregá-los também. Crime de nepotismo. Jeitinho Brasileiro. Você se importa mais com sua família do que outra, por isso que quer antes de tudo dar garantias de que sua família está empregada e estável numa sociedade de concorrências. Isso não é crime se você fizer isso fora do setor público, naturalmente. Mas acontece que o errado, e onde tem sido rotineiro se ver acontecer, são as influências pessoais de indivíduos grandes em instituições públicas onde teus familiares via nepotismo assume os cargos. Após essa explanação, gostaria eu de levantar uma questão nesse momento. O capitalismo prepara a desarmonia. Cada lugar tem seu modo de ser desarmônico e por isso cada lugar também tenta resolver seu problema. A educação no sul não é tão problemática quanto a do nordeste, por exemplo. Portanto, o objetivo desse texto não seria outro senão abordar os motivos da indiferença humana e falta de cidadania de grande parte do povo brasileiro. Finalmente, creio que nossa indiferença também é fruto de um ópio: não a religião, não o bem-estar social. Mas, acima de tudo, a nossa própria cultura. Uma cultura capitalista e brasileira. Tenho minhas convicções de que ela contribui para manter-mos sedados enquanto somos vítimas de crimes e perdemos nossa saúde e conhecimento. O que vocês acham disso?
 
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