Ciência
Considerações a respeito do luto e outros sentimentos socializados
Todos os dias parecem correr normalmente (logo, sendo rotineiro, logo, um cotidiano qualquer) durante todo o mês, durante todo o ano. O ser humano parece que não está preparado para receber choque de informações por ver o seu mundo girar sem nenhuma sobreconsciência da própria existência. Dessa forma, quando tais informações passam a compartilhar a vida de um indivíduo em determinado dia, ele modifica todo o seu cotidiano, ainda que talvez já seria de se esperar tal informação. Em minha sociedade, pequena e interiorana, mas que reflete a conduta ocidental do luto, se estou com meu aparelho de som ligado alto no cotidiano, quando o momento é intercalado por uma informação como o luto, tudo se modifica e sou proibido, seja por meus parentes, seja pelo imperativo socialmente determinado ao qual me sinto obrigado a obedecer caso as pessoas com quem convivo, ou mesmo meus vizinhos, não me vejam indiferente quanto à situação. Já tive conhecimentos de casos em que enquanto uma pessoa falecera e estava a ser velada no "clima" de luto, o vizinho simplesmente ligara seu som e tratara as coisas como indiferentes, como parte da rotina, como a continuação do cotidiano qualquer, como "tanto faz, tanto fez", de forma a causar ira em quem se solidarizava com o luto ou quem instalara esse luto em si.