A descaracterização dos povos indígenas
Lições do bom e velho Pitágoras
“Se cuidarmos das crianças, não será necessário punirmos os adultos”; essa frase atribuída a Pitágoras eu a vi certa vez no muro de uma creche, isso há muitos anos... jamais esqueci da mesma, e hoje quero partilhar o que ela diz a mim. Sempre achei que o problema da violência não se resolve apenas prendendo ou matando o bandido. Há muitas mentes conservadoras (e eu conheço um bocado delas) que afirmam ser necessária a maior dureza possível para com os criminosos, como por exemplo, arrancar a cabeça dos infelizes (!). A realidade diária vem mostrando, contudo, que tais idéias mais têm a ver com um espírito vingativo do que com o desejo de paz e segurança social. Não defendo aqui que haja a impunidade ou o desleixo no tratamento daqueles que praticam absurdidades contra cidadãs e cidadãos, mas defendo aqui que o problema não seja visto com essa superficialidade que chega a incomodar; essa superficialidade que prega morte aos criminosos e é míope para todas aquelas situações sociais que colocam crianças e jovens em situações de constante risco. É preciso, claro, garantir a segurança das pessoas, o seu direito de ir e vir, mas é assaz urgente tratar para que situações de violência não venham a ocorrer; isso seria, pelo modo, uma “política preventiva”, que procura criar meios para que crianças e jovens se afastem das drogas e da criminalidade. Aí entra a necessidade de serviços de educação, lazer, saúde, etc. Essa postura deve se diferenciar de uma “política punitiva”, que se preocupa somente em extirpar o caroço maligno sem dar as condições para que outros não surjam (e eles vêm surgindo!). Como falar em segurança social sem atentar para o fato de que há políticos que roubam a merenda escolar de crianças carentes e ficam impunes? É, como dizem os mais vividos, “o buraco é mais embaixo”.
Sistema Partidário Brasileiro Pós Constituição de 1988
Capital Social
Representação no Brasil
O papel dos colegiados na Gestão Escolar
Resenha do livro “O que faz o brasil, Brasil?”
No livro do Antropólogo Roberto DaMatta “O que faz o brasil, Brasil?”, encontra-se o que é mais de peculiar no cotidiano brasileiro. No primeiro capitulo faz a distinção entre o brasil com letra minúscula do Brasil com letra maiúscula, que segundo DaMatta há um pouco de cada dele em nós, enquanto o brasil é tratado como um objeto sem vida, um pedaço de coisa que morre, o Brasil tem uma cultura, território, ou seja, é um país. Nossa identidade se constrói duplamente? Já que assimilamos ambos. Com a ajuda da Antropologia Social DaMatta irá buscar compreender essa dualidade. Continuando descreve sobre o que acha da cultura: “... para mim, a palavra cultura exprime precisamente um estilo, um modo e um jeito, repito, de fazer coisas. (p.17). Coisas estas que tem haver com costumes, condutas, hábitos, família, política, festas, etc. Considera essa nação como uma moeda, duas faces, onde temos uma jogada pequena (brasil), e uma jogada do autoritarismo políticos e econômicos (Brasil).
No 2º capitulo abri espaço para discutir a casa, a rua e o trabalho. Na casa está presente as mais intimas relações familiares, não importa como ela seja, tendo teto e parede é o que vale. O homem ou a mulher quando vão para o trabalho se depara com o amigo da casa, a rua, no final da jornada fica a ansiedade de chega nela adentrar e tomar aquele banho e ficar a vontade, pois essa é minha casa. A casa e rua são mais do que meros espaços geográficos, são modos de ler, explicar e falar do mundo, porque ali encontra historia e construção de vida. O trabalho faz parte da rotina, algumas pessoas se deslocam de pé, de trem, de carro para realizar suas tarefas cotidianas. Para DaMatta a idéia de residência é um fato social totalizante, na casa há tranqüilidade, calma, harmonia, na rua há luta, batalha, perigo, no trabalho tem concorrência, reclamação, chefe, batente. No entanto, essas três idéias se correlacionam, e faz parte da vida do individuo. Na rua se ver povo, na casa amigo, no trabalho colega. Portanto, na casa há leis que são facilmente quebradas, na rua nem no trabalho não é permitido, pois tem vigia. Mas há dias em que as regras são manipuladas, como por exemplo, na confraternização entre os colegas do trabalho, e festas como a parada dos homossexuais, carnaval. DaMatta comenta:
...A rua recompensa a casa e casa equilibra a rua. No Brasil, casa e rua são como dois lados de uma mesma moeda. O que se perde de um lado, ganha-se do outro. O que é negado em casa-como o sexo e o trabalho-tem-se na rua...(p.30)
No capitulo “A ilusão das relações raciais”, DaMatta analisa a mistura de miscigenação das “raças”, que alguns autores ver como problema para o construção da identidade nacional brasileira, procura entender a posição de liderança do branco ocidental. A teoria racista via no mulato a degeneração das raças. Termo que Agassiz defende, veja:
“... Que qualquer um que duvida dos males dessa mistura de raças, e se inclina, por uma mal-entendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as separam, venha ao Brasil”.(p.40)
Em seguida compara a relação racial entre Brasil e Estados unidos, enquanto no Brasil não tem um classificação formalizado como nos EUA, pois lá há varias divisões, por exemplo, tem escola de negro e escola do branco, ônibus do negro e ônibus do branco, bairro do negro e bairro do branco, diferente do que acontece no Brasil. Este admiti a intermediação do mulato, lá não, aqui prevalece o triângulo racial, lá o birracial. Para Sergio Buarque a mistura de raças era um modo de esconder as injustiças social contra o negro, índio e mulato, e a idéia de democracia racial não passava de um mito.
Sobre Comida e Mulheres DaMatta distingue o que é “cru e cozido”, enquanto o cozido permite a relação e a mistura de coisa do mundo que estavam separados, o crua é o oposto do mundo da casa, como um área cruel e dura do mundo social. Continuando discernir sobre comida e alimento, o primeiro tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, algo universal e geral, a comida tudo aquilo que foi valorizado e escolhido dentre os alimentos. Nota-se também, expressões como “De-comer”, muito utilizada pelo brasileiro como forma de pedir comida, pão duro, gato pro lebre, água na boca, a boca na botija, com a faca e o queijo na mão, está por cima da carne-seca, citações de valor simbólico da cultura brasileira. O comes e bebes também está presente, quando se fala nisso, as pessoas já se animam, pois esperam comer do bom e do melhor, e de graça. Para DaMatta a comida define as pessoas: “dize-me o que comes e dir te-ei quem és”! (p.58). Diferenciar comida e comidas é importante para entender tal capitulo, o primeiro já foi discutido, mas vale salientar que se correlaciona com homem e mulher, pois comidas associam à sexualidade (“não cuspa no prato em que comeu”).
No 5º capitulo o autor vai procurar resposta sobre de que forma o carnaval ou mundo serve de teatro e prazer, afirmando que:
No caso do Brasil, a maior e mais importante, mais livre e mais criativa, mais irreverente e mais popular de todas, sem duvida, o carnaval... (p.71).
Ou seja, o carnaval cria certas situações que varias coisas são possíveis e outras devem ser evitadas. Ele é definido como “liberdade” e como possibilidade de viver uma ausência fantasiosa e utópica de miséria, trabalho, obrigações, pecado e deveres. É a distribuição teórica do prazer sensual para todos. Trocamos a noite pelo dia, não se fala em mascaras, mas em fantasias, esta permite passar de ninguém a alguém, as pessoas mudam de posição social.
No capitulo “As festas da Ordem” DaMatta compara o carnaval com tais festas, veja:
A festa carnavalesca requer tudo de mim: meu corpo e minha alma, minha vontade e minha energia. Mas as festas de ordem parecem dispensar essa motivação totalizada. Daí, talvez, essas regras rígidas de contenção corporal, verbal e gestual nos ritos da ordem. (p.84)
No 7º capitulo DaMatta disserta sobre algumas condutas que são peculiar ao brasileiro como a malandragem, o jeitinho, o despachante. O jeito é um modo pacífico e ate mesmo legitimo de resolver tais problemas, provocando essa junção inteiramente casuística de lei com a pessoa que a está utilizando. Jeito esse que se configura no jeitinho brasileiro- “você sabe com quem você está falando?”. A malandragem faz parte desse jeitinho, é uma de cinismo e gosto pelo grosseiro e pelo desonesto, o despachante, só pode ser visto quando damos conta da dificuldade de juntar a lei com realidade social diária.
No ultimo capitulo faz referencia aos caminhos para se chegar a Deus, tendo como foco a religião, que segundo DaMatta:
...é um modo de ordenar o mundo, facultando nossa compreensão para coisas muito complexas, como a idéia de tempo, a idéia de eterno e a idéia de perda e desaparecimento, esses mistérios parentes da experiência humana... (p.113)
Completa ainda:
A igreja..., é uma forma básica de religião, marcado talvez o lado impessoal de nossas relações com Deus. Um lado de fato, onde a intimidade eventualmente pode ceder lugar às regras fixas que conduzem a uma impessoalidade... nos cultos que legitimam de qualquer modo as crises de vida
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Editora Rocco.
Underground Sertanejo
[]Sofrido, oprimido
Calejado e franzino
Na areia seca
O calor forte
Esse povo que vive de sorte
Flagelando
Esperando a morte
Enquanto suas esperanças
Ja morreram faz tempo
[]Roupa rasgada, empoeirada
Essa é a realidade do
Underground Sertanejo
Que so vive no desejo
De nao viver só de sorte
[]O sorriso é constante
Banguelo, mas brilhante
Pés no chão
Encaliçando o passado
Deixando marcas a cada passo.
Tudo Azul: Uma analise sobre a pseudo-liberdade carnavalesca e suas transformações nos processos históricos
Pesquisa desenvolvida pelos estudantes do 5º semestre de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Autores: Wanderson Gomes; Willander Nascimento. O Tudo Azul é um bloco de rua alagoano, mais precisamente proveniente da cidade de Murici, interior que fica, mais ou menos, uns 45 km da capital. O Tudo Azul foi um bloco fundado em 1944 e é hoje um dos maiores blocos de rua do estado de Alagoas com a média de 30 mil foliões. Mas o principal aspecto das festividades carnavalescas são as modificações nas rotinas dos indivíduos que delas desfrutam. O interior perde sua característica de interior e ganha nova identidade. Seus habitantes, dias antes do bloco sair, modificam suas atividades rotineiras, se preparam. Construindo um ritual que perdura por décadas e que são transmitidos de geração em geração. Os processos históricos naturalmente nos revelam mutações nos rituais criados pelo próprio homem. Tais rituais concentram em si uma necessidade fundamental de existência: de se fazer sentir; de se fazer notar; de se eternizar ações. Perdurando dentre as posteriores gerações. As mutações desenvolvem-se de acordo com as condições existenciais de cada ser, mas concentra sua força na coletividade. Transformando assim as atividades de um determinado grupo adaptável no seu estado comum. Assim a coletividade age como modelador de suas relações com o meio, e de suas práticas rotineiras, onde através de seu fator ativo nas demais camadas sociais consegue influenciar um indivíduo, que passará a adequar-se aos novos mecanismos desenvolvidos pela maioria. Desta forma, a referente pesquisa transcende a uma mera reflexão sobre um bloco carnavalesco, ela tem como núcleo um desses importantes ritos mantidos pela coletividade: O CARNAVAL. E sua proposta é analisar as mutações causadas por essa mesma coletividade na tentativa de adaptar-se a relativos contexto históricos, ou seja, vamos percorrer historicamente pelo carnaval da época lúdica ao tempos modernos. Esta observação nos remete analisar as expressões populares atuais não esquecendo seus processos históricos que modificaram a forma, o modelo, os objetivos e consequentemente o próprio carnaval. De acordo com a seguinte pesquisa, temos o objetivo de discorrer sobre um conceito que remete a uma detalhada explicação dos papeis exercidos pela massa no período carnavalesco, o conceito da pseudo-liberdade. Durante o carnaval, fazendo valer das abordagens de Roberto Da Matta, os papeis socialmente construídos se invertem. A ordem social e colocada em segundo plano, a interação da festa imprime um sentimento de ``liberdade`` nos indivíduos. O próprio sentimento de liberdade, com tempo limitado, exerce um poder implícito que atua como mecanismo de conformidade na população; caracterizando assim, o que entendemos por pseudo-liberdade.